Não ando a
acompanhar os jogos olímpicos porque passam na TV e eu não sou muito disso. Mas
ontem estive a ver um jogo de basquete e a pensar em que modalidade é que ainda
estarei a tempo de me meter, para daqui a quatro anos, estar a curtir os jogos
em primeira pessoa, tipo assim, participando e tudo. Creio que as minhas
melhores possibilidades estão no Scrabble. Sem vergonha nenhuma.
A minha primeira
paixão foi o karaté e andei uns meses numa escola. Mas o karaté era demasiado lento
para quem queria ser ninja como eu. Eu queria era dar mortais e muita pancada. Afinal
de contas, sou do tempo de karaté kid e saía do cinema possessa, achando que o
meu destino já estava traçado.
O meu pai
ofereceu-nos uns patins vermelhos e andava horas seguidas à frente de casa, num
corredor de cimento que na altura era enorme e hoje atravesso em 5 passadas. Quando
finalmente descalçava os patins, ficava ainda com a sensação de ter os pés a ir
e a vir, sobre rodas. Era bom.
Sempre andei de
bicicleta. Andava muito sozinha ou em grupos de rapazes e sentíamo-nos
verdadeiros exploradores da cidade, muito intrépidos. Participei numa corrida
de BTT em Faro, passámos pela Ria Formosa e fomos ter à Quinta do Lago. Caí
numa descida vertiginosa e esfolei o selim. Quedas de bicicleta? Sim, tive as minhas.
A mais aparatosa foi a última. Fazia sol. A música no meu MP3 era muito boa, e
eu vinha montada na bicicleta, mas convencida de que estava numa mota. Fiz a
curva quase deitada, armada em boa. Espalhei-me na terra por debaixo dos pneus.
Bati com a cabeça, feri-me na testa, queixo, barriga, braço, quase que quebrava
um pulso e quase que desmaiava. Menos mal. À noite, gemia como uma porca a parir, com
as dores na mão que tocara o chão primeiro.
Fiz uma aula de
capoeira, achei o máximo, mas nunca voltei. Acho que dá cabo dos pés e joelhos.
Fiz mergulho.
Encantei-me com o basquete e pedi uma bola. Joguei ténis com os pés. Ia jogar
ténis a sério sempre que havia um Roland Garros na televisão. O Tchalé Figueira
uma vez não nos deixou jogar, a mim e ao Gujó, depois de termos esperado
pacientemente que um outro treino terminasse… E até hoje não lhe perdoámos.
Pois, é, Tchalé, nunca reparaste nos meus maus olhares?
Há dias fui fazer
paddling. Sei lá, acho que o mar não estava para brincadeiras.
Estive a entrar e
a sair de ginásios a vida inteira mas não me lembro de estar tão encantada com
os resultados como agora que estou no E-Fit. Aquilo sai-nos do corpo. Do sangue.
Só no
pingue-pongue é que alguma vez dei as cartas no desporto. Só nessa mesa consigo
saborear vitórias, digerir derrotas justas, fazer muita garganta e cumprimentar
o adversário dizendo-lhe “Jogaste muito bem! Estou satisfeita por ter perdido
contigo. Mas da próxima…”
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