Soncent

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segunda-feira, 27 de março de 2006

Dia da mulher

Há muita gente que se mostra rebelde a comemorar Dia-de-qualquer-coisa”, com o argumento de que só nesse dia é que o aspecto tem importância. Por isso, dizem, o dia da mãe/namorada/pai/etc., é todos os dias. Mas vamos a ver: estratégias comerciais e consumistas à parte, estes dias não têm ao menos o condão de nos fazer reflectir sobre determinadas realidades? Como no caso da mulher cabo-verdiana.

Por acaso ou não, sonhei que estava no Estádio da Luz, em Lisboa, num centro comercial que havia nos últimos andares. E estavam lá uma série de estudiosos portugueses que apresentavam uma série de conclusões sobre um estudo feito em Cabo Verde, em que diziam que a maior sofredora deste país é a mulher e apontavam uma série de razões: por ficar para trás na educação, por crescer rodeada de preconceitos e regras de conduta descriminadoras, por arcar com as consequências de actos que faz a dois, por viver à mercê do homem mesmo quando não é este que sustenta realmente a família. E não estou a falar somente das iletradas, das que vemos de lenço à cabeça.
 
 Falo igualmente da mulher citadina, da mulher que estudou e trabalha. Falo de novos tipos de exploração: da feita pelo homem sem brios, que se deixa ficar num empreguinho de meia tigela enquanto a mulher vai construindo um património, para depois reclamar metade do espólio quando se separam. Falo do homem que “não encontra trabalho” e vai vivendo à custa da mulher, que até lhe sustenta os vícios. Falo dos rapagões saudáveis que por não encontrarem um “trabalho à altura”, vão vivendo à custa das mães/namoradas.

Esta falta de brio está, aliás, incrustada na nossa sociedade, e reflecte-se na forma como não pejo em pedir-se dinheiro/bens a torto e a direito. Tantas vezes não ouvimos “Arranja-me esse boné”, “Oferece-me esses óculos”, “Arranja-me lá cem paus!”, “paga-me um copo…”

3 comentários:

Anónimo disse...

Finalmente, a realidade nua e crua!! Excelente!!!

Anónimo disse...

Uau! A mais pura realidade(!)... mas uma realidade por todos vivida e 'desconhecida'(!)... 'É a vida!... Nasci e vivi sempre assim... Nada se pode fazer... são os hábitos ancestrais...' (e isto pensado e dito por homens e mulheres!)... e uma dose cavalar de 'lata' de 'machos' sem norte, sem sorte, sem arte... sem carácter!
Tchá

Anónimo disse...

Sinceramente? Eu acho que alguns, para não dizer a maioria dos problemas que colocas, não estão directamente relacionados com o género, ou seja, com o facto de estarmos a falar de homens e mulheres. Por outro lado, sem querer negar os problemas e descriminações derivados do género - que existem, ninguém o pode negar - também é verdade que muitos deles persistem ou se tornam mais acentuados, por culpa e falta de acção das próprias mulheres. Façam um inquérito sociologico sério e rigoroso para deduzir como pensam as "rapariguinhas" entre os 14 e os 18 anos e verão que não será para admirar se estes problemas se agravarem em vez de se atenuarem. E mais uma vez sublinho, não julguem este comentário como um manifesto machista, porque não é. Mas se tem algo que a teoria sociológica nos ensina é que nem tudo o que parece é...