Mensagens de desespero solando pela guitarra imobilizada. Hoje será o dia. Cedo como o jornal, acordei. Calçar-me e sair foi uma coisa só. No meio da rua, o autocarro agonizava. Olhando para mim, o condutor segurava a mão decepada. Amei uma vez este condutor. Vi-o passar à minha porta como uma idosa vê passar os Outonos. Sem poder fazer nada, a não ser esperar. Mas hoje, hoje não será o dia. Hoje, cobrir-me-ei do seu sangue, pagarei na mão dele sem que ele me sinta. E depois de regressar do Hospital, poderei chorar mais um bocado. Escrever-lhe-ei impropérios como uma noiva traída. Culpá-lo-ei por tudo. Não tenho papel, os livros de receitas servirão. Escreverei palavras suando lágrimas dolorosas como facas empunhadas por mãos amigas. Palavras rabiscadas em folhas sujas, castanhas de pó, amachucadas de raiva, de dor, coração sangrando. Sonhos desfeitos, coração partido, alma vagando pelo chão. Não olhem para mim...!
Mando à merda e tudo o que restar é a minha música, o meu coração cheio de esperanças loucas.
Não foi do desespero dele, simplesmente ele não me viu. Ele foi como a mão decepada. Não me sentiu.
E então, e então, trouxe a mão dele comigo.
Amei uma vez este condutor.
1 comentário:
m ta inamorod pa bo blog. estranha imusaun na dvera?
fka ta dam fala kond bo ta skreve koizas novas sima es. Koizas e kta levam nha memoria y visaun pa kes lod onde k'm txa nha umbige
guyramos@hotmail.com
Um gaje d'soncent imigrant desde de se pekenês na Holanda y k'nunka skse Mont Kara, Furtim, Rua de lisboa, Rua de Praia, Rua de senhor Marino y Kavokinstreet, Praça Nova, Step, Sinema de tuta, rbera, Areia de salamansa, Plurin de pexe, Golfclub de mindelo, Bolacha de matos, Pon de midje de jonas, Mario Dod, Pedro de komparason, Kme deus, Aibu, kes mnin de rua, Vlu, Kakoi, Mandigas, Um balizinha ate sol kambá, um gazoza de Galiano, enfim... ! um sodade dentre de um muchila vaziu y invisivel k'm ta karega pa tud banda onde k'm bá. Intxim el de vez inkunat sbo kre partilha akilu kes roba nha juventude.
Fka dret,
Guy Ramos
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