(...)
- Que é que mais gostas de fazer? – Era do tipo de pergunta que Marisa aprendera a não gostar. Mas resolveu ser sincera.
- Escrever. Escrever pequenos contos. Olha, este ficou pronto ontem à noite.
Ele pediu-lhe que lhe lesse o conto. Pega de surpresa, ela relanceou o manuscrito.
Escrevera-o de uma vez e até gostara dele. Mas em menos de um segundo, ela reviu a história e teve a certeza de que ele não a apreciaria.
- Para quê?
- Ora! Gostava de saber o que escreves!
-Mas vou ler para ti? Como na escola? Não gosto!
- Então dá-me que eu mesmo leio.
- Não! Deixa estar, eu leio. – E na hora, Marisa inventou uma história completamente diferente, e enquanto corria os olhos pelo papel, fingindo ler, tentando fazer as pausas esperadas do texto, declarava frases recém-feitas, surgindo um conto leve e divertido, que caberia em três páginas se estivesse escrito.
Ela viu nos olhos dele um interesse e uma satisfação que lhe aqueceu o coração e lhe deu ânimo para continuar a farsa. Quando terminou, ele mostrou-lhe um sorriso rasgado:
- Brilhante! Adorei. Tens muito jeito para a escrita! Ouve, tens que publicar isso! A sério. Está muito bem escrito!
Ela fez um sorriso triste. Se conseguisse escrever tudo o que dissera num só sopro minutos antes, claro que o queria publicar, acabara de criar o melhor conto de sempre mas que só servira para ele! Como lembrar-se agora de todas as frases tão inspiradas que pronunciara instantes antes?
Não deixava de ser romântico, pensou, ter inventado o seu melhor conto para que somente Malick o apreciasse. Só para que ele lhe mostrasse aquele sorriso tão, tão caloroso, que lhe provocou uma dor aguda algures no peito.
- Que é que mais gostas de fazer? – Era do tipo de pergunta que Marisa aprendera a não gostar. Mas resolveu ser sincera.
- Escrever. Escrever pequenos contos. Olha, este ficou pronto ontem à noite.
Ele pediu-lhe que lhe lesse o conto. Pega de surpresa, ela relanceou o manuscrito.
Escrevera-o de uma vez e até gostara dele. Mas em menos de um segundo, ela reviu a história e teve a certeza de que ele não a apreciaria.
- Para quê?
- Ora! Gostava de saber o que escreves!
-Mas vou ler para ti? Como na escola? Não gosto!
- Então dá-me que eu mesmo leio.
- Não! Deixa estar, eu leio. – E na hora, Marisa inventou uma história completamente diferente, e enquanto corria os olhos pelo papel, fingindo ler, tentando fazer as pausas esperadas do texto, declarava frases recém-feitas, surgindo um conto leve e divertido, que caberia em três páginas se estivesse escrito.
Ela viu nos olhos dele um interesse e uma satisfação que lhe aqueceu o coração e lhe deu ânimo para continuar a farsa. Quando terminou, ele mostrou-lhe um sorriso rasgado:
- Brilhante! Adorei. Tens muito jeito para a escrita! Ouve, tens que publicar isso! A sério. Está muito bem escrito!
Ela fez um sorriso triste. Se conseguisse escrever tudo o que dissera num só sopro minutos antes, claro que o queria publicar, acabara de criar o melhor conto de sempre mas que só servira para ele! Como lembrar-se agora de todas as frases tão inspiradas que pronunciara instantes antes?
Não deixava de ser romântico, pensou, ter inventado o seu melhor conto para que somente Malick o apreciasse. Só para que ele lhe mostrasse aquele sorriso tão, tão caloroso, que lhe provocou uma dor aguda algures no peito.
(...)
Janeiro 2004
1 comentário:
Gostei do blog.
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