Caminho pela rua e aproximo-me de uma senhora com uma cara conhecida. Reviro os meus ficheiros para a identificar. Não a encontro mas em contrapartida, encontro a Mónica Lewinsky. Cumprimento-a com um aceno de cabeça displicente mas ela pega-me o cotovelo. Que atrevimento, lançam-lhe os meus olhos dissidentes. Ela pergunta-me numa voz surpreendentemente doce:
- Vou ser lembrada o resto da vida por ter blowjobed o Clinton?
- Vais, que queres?
- Mas eu não fui a única.
- Mas foste quem se gabou de o fazer. Algum comentário?
- Sim. Acabou-se-me a fortuna mas ficou-me a fama.
- Menos mal. Da Paula Abdul já ninguém se lembra. – Sacudo e braço e sigo o meu caminho. Bocejo sem tapar a boca, porque daqui, ninguém me vê. Tenho que interromper o bocejo com urgência para fugir de um descapotável preto que quase me atropela. Oiço o chiar dos travões praticamente em cima de mim e quando a fumaça se esfuma, dou com o Bruce dentro do Mazda. Ele abre a porta do lado do passageiro e diz-me com má pronúncia:
- Jump in.
- Estou sem as minhas sapatilhas de basquete.
- Ok. Preferes ficar cá? – Hoje em dia hesito muito pouco. Sento-me no assento de pele e descubro que o Bruce gosta dos U2. O Bono diz qualquer coisa sobre a Lua enquanto o Bruce me olha dentro dos olhos e me diz:
- Tens qualquer coisa da Kim em ti.
- Menos mal. Se tivesse da Demi é que era uma chatice.
- Unh. – Não diz mais nada mas arranca e vai em direcção ao Plateau. Olho para o perfil dele e mais uma vez penso que parece uma pessoa qualquer. Peço-lhe para parar e desço do Mazda.
- Posso pedir-te uma coisa?
- Claro. – Ele tira uma caneta para me dar um autógrafo. Eu fujo com a mão e com a outra, pressiono o eject.
- Dá-me este CD. – Salto do Plateau a tempo de me agarrar à corda do helicóptero.
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