Soncent

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quarta-feira, 17 de junho de 2015

Maio incompleto

 
Geralmente os meus posts sobre viagens começam com "Fui ao Fogo" ou "Fui à China", fato consumado, agora vamos descrever, contar, e geralmente, também dizia um monte de coisas boas, isto era tão bonito e aquilo, tão interessante.

Então, o que foi que mudou?

Primeiro, de costume, vou de avião. Um meio de transporte decente, que não cheira a nada, que embora suba nas alturas, não balança, às vezes treme mas não faz ondas. Por oposição, um barco é um barco e a palavra já diz tudo: tresanda a gasóleo queimado, as cadeiras são de plástico, o chão brilha de gordura, a carga está à vista, e faz por nos tirar da nossa zona de conforto, nomeadamente, fazendo por nos tirar coisas do estômago.  Enfim, um barco. Vejam a forma como temos que abrir a boca para o pronunciar. Só isso é prenuncio de coisa má.

E foi de barco que arribei à ilha do Maio, numa sexta feira pouco depois do pôr do sol, vendo o cais ficar mais próximo e pensando que alguma forma haveria de desembarcar se toda a gente, toda a vida, tinha lá desembarcado. 

Ah, pois: esperam que uma onda aproxime o barco, agarram-te debaixo dos braços com um saco e atiram-te para os braços do outro tipo que nos espera em terra firme. E pronto. Não foi desta que caímos entre o barco e o cais e fomos feitos puré. 


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