Minha campa,
um túmulo sem asa,
vagando sem flor
num mar de jasmins
e outros querubins
caídos
e vaiados por mim.
Minha campa,
má memória de capim,
meu céu fortuito e carmim.
Minh'alma canta
dos baixios do enterro,
minha hora de ensejos,
meus desejos anis.
Voz salobra de pranto,
meu choro ecoa nos campos,
meus sais salgam a terra
e os coqueiros nascem
doravante de mim.
Meus carros de bois
tragam as milhas de escolhos,
duros caminhos de pedregulhos
à beirinha dos pirinéus.
Jorram os raios solares por entre sabugos
onde nascem molares de bestas singulares.
Minotauros encardidos
respiram na minha narina
um bafo dos infernos
onde nunca brilhou
flúor nenhum.
Morro várias vezes
até me desfazer com vagares
desses ares.
Meus azares são portentos
que me encerram
com outros detentos
que me olham,
avarentos.
Sumarentos.
Trago de um só trago
dois detentos
sem um tinto por companhia
ou um branco por discórdia.
Tinha sede de sangue assim.
Tinha fome de carne crua
mas asco dos odores a alecrim.
3 de julho de 2016
(Foto da net)
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