Vim aqui escrever umas linhas, apenas porque tempo demais sem palavras pode denegrir o éter, violar os apegos, desamarrar os nós e gorar os esforços, de anos, por uns ecos retorquidos.
Nestes tempos, abandonadas as amarras ao sector público, fiquei de pena em punho, em janeiro ativa, nos outros meses, coerciva, tentando não rabiscar coisas novas mas terminar as antigas, a ver se tiro do ninho ovos que já cheiram a mofo, pintos gordos de tanto choco.
E descubro uma nova realidade menos laboral, com os excessos e risos dos tempos às vezes demasiado livres: quantas vezes, quantos de nós, adentrados a um escritório e aí presos bastas horas diárias, não nos pegámos a desejar o sol e o mar, ou um sofá e lençol, num regozijo de dolce fare niente indecente de tão ocioso? Pois, dêem-nos horas vagas suficientes e pagámos-nos também, humanos que somos, a desejar a obrigatoriedade dos horários e das deslocações, da roupa passada a ferro e de encontrar pessoas outras que não a nossa cara embaciada no espelho, nem que seja apenas para lhes dizermos bom dia e fingirmos-nos ocupados.
Reflexões para dias de ócio ou para dias de labor?
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