Havia um sofá que se achava triste. E uma poltrona que vivia alegre. Havia uma cadeira de baloiço que ficava tonta. E uma mesa de centro, que temia manchas. Havia dois quadros macambúzios na parede. Havia um tapete que queria ser uma estante. Havia uma estante que detestava livros. As almofadas do sofá viviam em alegre cavaqueira mas não convenciam ninguém. Nenhuma quisera ser solteira. Havia um candelabro apaixonado por um lustre de seis lâmpadas. Havia um lustre de seis lâmpadas com vertigens.
Havia um pó traiçoeiro. Havia caruncho guerreiro. Havia uns mosaicos psicadélicos, que preferiam ser sóbrios. Havia uns redondos que queriam ser quadrados, havia uns vermelhos que queriam ser azuis. Haviam riscas que queriam ser flores. Havia uns padrões dos anos oitenta, que queriam ser dos anos 30. Havia umas velas que nunca eram acesas – continuavam virgens. Havia cinzeiros que nunca tinham servido. Havia vãos que nunca eram limpos.
Havia enfeites que nunca eram vistos. Havia fotos cansadas de sorrir. Havia uma arca muito gorda. Havia uma planta muito seca. Havia luz a menos. Havia espaço qb. Havia visitas a mais. Havia muitos pés de senhoras. Havia muitas roupas pardacentas. Havia muitas memórias. Havia muitos velórios. Havia muitos grogues.
Havia um tirar a boca de morto.
5 comentários:
bonzin1gostei muchu muchu!bjin
Muito giro. Inteligente jogo de palavras.
nice, super kul,
prazer blogera
kontinuason di bons post
bye
muito louco este texto, gostei.
Será que é tarde para dizer: Obrigada, pessoal?
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