Soncent

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quarta-feira, 2 de janeiro de 2008

Do fogo de artíficio e outras comemorações

Que 2008 te sorria como ano nenhum te sorriu até agora... (agora em árabe: "2008: Tchal arri sima all ón patrás k'arribb")

Não queria começar o primeiro post do ano a mandar bocas. Portanto, esta não é uma boca, é apenas uma reflexão: à meia noite do dia 31, na Avenida, fomos brindados por um valente fogo de artifício que durou quinze minutos. Muito bonito. Tão bonito, que por quinze minutos, a multidão esteve de cara para o céu e não se abraçou, falou, beijou, pulou. Não celebrou, não viveu o momento, presenciou-o apenas.

Passados esses quinze minutos, já a "aura" do ano novo tinha mudado. Sempre houve gente dentro d'água, mas... não foi a mesma coisa. Da próxima, eu preferia que o fogo fosse no festival, por exemplo, e que, na Avenida, só tivessemos mesmo os apitos dos barcos, e os pobres foguetes de sinalização cor de rosa. E todo o coração das pessoas, sem nenhuma distração.

13 comentários:

Anónimo disse...

Concordo com o teu repto, talvés o fogo de artificio desloca a atenção para uma coisa pouco relevante,a "beleza dos fogos", em vez de nos abraçarmos, beijarmos ou pularmos. Mas acho também que isso de pular, atirar-se ao mar etc., etc. deve ser feita com muita cautela e pouca euforia para que assim se evite outros transtornos... Mas a tua análise, no geral, está bem feita.

Eileen Almeida Barbosa disse...

Caro anónimo: mas é claro que essa euforia não deve ser sem limites. Parace-me até que foi mais "braba" com os fogos... muita pólvora no ar. A euforia demasiada faz-me sempre pensar em alcool. Mas isso é um outro grande problema que temos no país...

Anónimo disse...

People ta costuma, e da proxima vez ess ca ta fca moda um boi na frente de um poloce...

Anónimo disse...

É deveras curiosa a sua preocupação... as pessoas não se beijaram, não se abraçaram...mas o facto de terem sido gastos milhares em fogos de artifício numa terra com onde há falta de tanta coisa mais importante que foguetes, nem uma palavra...Sem querer desligitimizar a sua preocupação, que apesar de tudo faz sentido, ela acaba por soar a fútil tendo em conta o contexto social e económico em que ela é feita.

Eileen Almeida Barbosa disse...

Caro anónimo das 6h59: eu bem que comecei o post a dizer que não ia começar o ano a mandar bocas... o aspecto que levantas tem muita pertinência sim senho, o que não quer dizer que tenhamos que mencionar a nossa pobreza sempre que falarmos do que se faz ou deixa de fazer nesta terra. "Contruiu-se uma praça. O que é discutível, se tivermos em conta que a estrada aí atrás ainda não foi asfaltada..." "Condecoraram-se os criadores do... e no entanto, com o dinheiro gasto na banquete, poder-se-ia...." Não é?

Anónimo disse...

Praça....rua alcatroada? Pq esta mania pelo o alcatrão em CV. É mais caro, mais poluente, tem de ser importado ( saindo $ do país), impermeabiliza os solos impedido a infiltração das águas das chuvas ( com todas as consequências para o lençol freático), necessita de mais manutenção etc... Temos pedras ( não as temos que importar), calcetar emprega mais mão-de-obra local ( e por ser barata não chega para encarecer o valor da empreitada), a calçada permite a infiltração das águas das chuvas ( já poucas) permitindo manter o lençol freático ( água para os poços), a manutenção é mais fácil, não há que importar nada, e a duração sem manutenção de uma calçada até é superior ao do alcatrão ( tínhamos ruas no Mindelo com calçadas quase centenárias, qualquer alcatroado já nem sequer existiria)... Dirão: “o alcatrão é melhor, mais bonito, é assim no estrangeiro”. Mas no estrangeiro não há pedras como cá, não há uma mão-de-obra barata como cá, aliás, ter uma rua coberta por calçada é na verdade um luxo. Não é por acaso que muita das ruas da baixa ( centro) lisboeta ( lá pelos lados dos Armazéns do Chiado) estão pavimentadas com calçadas e não com alcatrão. E há mais uma vantagem, os carros tendem a moderar a sua velocidade, o que não deixa de ser algo a considerar, e ,além disso ,o atrito na calçada é superior ao do alcatrão, melhorando a travagem dos carros... É só vantagens!!!
Já agora, peço que quando compararem uma calçada com um pavimento alcatroado, comparem uma calçada nova com um alcatroado novo, e não um alcatroado novo com uma calçada velha e sem manutenção por desleixo das Câmaras.

Foi só uma provocação...com razão de ser, contudo.

Beijos e Boas Festas...

Anónimo disse...

nao so do pao vive o homen.

Unknown disse...

Ora cá está! Eu adoro a passagem d'ano. Os apitos dos barcos anunciando a hora - que este ano não se ouviram, o sagrado banho na praia que só é amada pela cidade uma vez por ano, a festa, a banda municipal no Day After...É, pessoalmente, a melhor festa sazonal do Mindelo. Mas a verdade é que este ano ficou-me um travo a não sei o quê, uma sensação estranha. E eis que a Eileen, com a sua capacidade de observação sagaz e impiedosa me ilucida dos porquês desta falta de magia sentida, apesar de tanto barulho e tanta cor. Vou-te plagiar no meu blog, menina. Mas lá estarás, com os merecidos louros!

Um grande abraço

João (www.cafemargoso.blogspot.com)

Eileen Almeida Barbosa disse...

Olha, AP (E JÁ AGORA, BOM ANO PARA TI, QUE AINDA NÃO NOS TÍNHAMOS "VISTO") eu nem sou de alcatrão nem nada, mas já alguém andou a explicar-me que, a longo prazo, é mais económico que a calçada. Algum engenheiro que se pronuncie! (o meu senso comum diz-me que tens razão, mas e agora?)Beijos para ti.

Eileen Almeida Barbosa disse...

Sinto-me muito lisongeada, João, com as tuas palavras e o teu plágio. Plageia quanto quiseres, desde que me dês os louros... hahahaha
Um forte abraço!

Anónimo disse...

Sem querer parecer arrogante, ou qualquer coisa de parecido, acho que não deverias pedir especialmente aos engenheiros que se pronunciassem, eles não têm conhecimentos nem competências cientificas que lhes permitem fazer uma análise de custos/benefícios de um determinado projecto, para além de um comum opinador. Podem entender de electricidade, de mecânica ( até terem tido uma cadeira de economia no curso), mas é disso que entendem, e só. Aliás CV tem uma tradição curiosa de colocar entendidos em máquinas, electricidade, construção civil, a gerir empresas como se de alguma forma a sua formação académica lhes trouxesse alguma especial capacidade na área económica para além daquela que detêm um aluno do 12º. Indo às calçadas e ao alcatrão ( avisando desde já que não tenho dados que me permitam dizer com 100% de certeza é assim ou assado), parece-me que o “seu” engenheiro ao falar de vantagens à longo prazo quis fugir ao problema, ou se fazer parecer um entendedor do mesmo ( não tenho nada contra o senhor). Digo isso por uma razão muito simples, fazer ponderações de benefícios e custos económicos à longo prazo implica operações e estudos bastante complexos com pluralidade de variáveis ( é preciso ponderar o impacto na balança de pagamentos, na taxa de emprego, os custos ecológicos etc), e com todo o respeito que tenho pelo senhor, conhecendo como conheço a minha terra, não creio que nenhuma das Câmaras Municipais tenha feito um tal estudo ( a da Praia não fez!). Além disso (sem ter dados para que possa ir além da mera opinião), parece-me muito pouco provável que mudar para alcatrão tenha vantagens a longo prazo se não a tiver a curto prazo. Aliás, sei de Câmaras Municipais onde foram as empresas de construção civil que apresentaram a proposta( não formal) de alcatroamento já com financiamento, e à essas mesmas empresas vieram a ser adjudicadas a empreitada ( basicamente vendem o pacote completo e, talvez, mais caro), não creio que nestas circunstâncias haja estudos para saber se à longo prazo é mais caro ou barato. Mas se houver estudos, que não feitos por engenheiros ou só por engenheiros( cada macaco no seu galho), que se apresentem.


PS. Não tenho nada contra os engenheiros, mas da mesma forma que seria um absurdo um economista dar palpites em como consertar um motor qualquer, é um absurdo que um especialista em máquinas ou em electricidade vir fazer análises em áreas onde definitivamente não têm conhecimentos técnicos que lhes permitem ir para além do palpite ( embora toda a gente tenha direito ao palpite numa mesa de um bar, não se governar uma empresa , câmara ou país assim).

Já agora, voltado ao tema principal ( pirotecnia), gostei do reparo, por vezes somos tentados a copiar outra paragens , desprezando a beleza das nossas tradições, que afinal são o nosso elemento diferenciador e a nossa vantagem nesse mundo globalizado.

Eileen Almeida Barbosa disse...

Qual engenheiro, Gilson? Eu não disse que foi um engenheiro que me disse isso. Meti o tal engenheiro só no final, para pedir uma opinião mais abalizada. Também ouvi dizer que os engenheiros vão para a direcção das empresas porque tendo em conta as características das suas funções, eles acabam por ganhar muita experiência em gestão. Se tivermos em conta um engenheiro civil a cargo de uma construção – vamos imaginar os prédios da Tecnicil na Laginha, por exemplo, já viste a quantidade de pessoas e materiais que ele deve gerir, prover para que aí estejam antes de começarem uma determinada fase do projecto? Tem que calcular a quantidade de cimento, de água, de areia, brita, as máquinas que serão necessárias e os seus manobradores, etc, etc.

Dizes que não tens nada contra engenheiros, mas estás sempre a citar os de máquina e electricidade, como se não houvesse várias outras especialidades, como a civil, por exemplo, que na minha ignorância, parece-me mais apropriada para a construção de estradas. De resto, não é preciso ser desta ou daquela especialidade para projectar estradas ou edifícios, alguns dos mais emblemáticos edifícios americanos foram projectados por um doutor, um economista, um ex-presidente; lá porque nos formamos numa determinada área, não quer dizer que fiquemos como burros a olhar para um palácio noutra área qualquer. Portanto, eu não diria que é “absurdo um economista dar palpites em como concertar um motor”. Eu não me reduzo à minha área de formação e espero que tu também não.

Anónimo disse...

Devo dizer , e isto ficou claro no meu comentário que não sou contra a opinião de quem quer que seja. O que disse, e volto a repetir, é que quando se decide não se pode basear em meras opiniões sem qualquer base técnica, opiniões de bar. Referiu-se ao engenheiro civil, à sua capacidade para calcular a quantidade de brita necessária para uma estradada ou prédio, para saber o número de camiões de areia necessários, de ferro etc. Mas como pode reparar são essas as funções de um engenheiro civil ( calcular ferro, areia, brita...) mas param aí as suas capacidades técnicas, pelo menos como especialista. Não tem, pelo menos pela sua formação académica, competências que vão para além do cálculo necessário para se construir um edifício ou estrada. Como poderão, com os conhecimentos que têm, terem em conta o impacto de uma determinada obra pública na balança de pagamentos, na taxa de emprego, etc ( são variáveis que entram no custo de uma obra). Saber quanta areia gasta um prédio ou ferro, não é nem de perto nem de longe fazer uma análise económica, ou comercial. É para evitar esse tipo de raciocínio simplista que servem os economistas e afins. Não digo que não hajam engenheiros ( ou qualquer outra pessoa) que pelo seu esforço autodidacta não alcancem tais competências, mas ab inicio não às possuí. Referiu-se que os engenheiro adquirem competências quando vão para gestores de empresas, acredito que sim, mas essa aprendizagem feita de erros e acertos, mas os erros são pagos pelas próprias empresas ( Cabnaves, Electras, a antiga Transcore etc). Aliás em CV há um total desconhecimento de para quê serve o planeamento económico, e nem sabem, na verdade o que é isso. São por vezes os próprios economistas que quando chegam à pratica deixam para trás tudo o que apreenderam na faculdade ( por facilidade, por razões políticas, corrupção, ou mesmo incompetência). Basta, saber que na gestão de todas as grandes empresas internacionais ( refiro-me à gestão efectiva, e não ao lugar de presidente do conselho de administração, que é um lugar de liderança e não de análise prática ), a delimitação das suas estratégias comerciais é feitas por pessoas especializadas na referida matéria, e quando me refiro à pessoas especializadas não me refiro a “meros economistas” ... não é um engenheiro de minas que decide se a Shell vai ou não “atacar” o mercado Espanhol, o Russo; nas grandes empreiteiras ( não às de CV) não são os engenheiros civis que decidem qual deverá ser o investimento para a expansão da empresa, se se deve ou não apostar em novos mercados. Não acredito que toda essa gente ainda não tenha descoberto a inutilidade de irem à procura de analistas financeiros, comerciais etc... E volto a dizer, toda a gente pode e tem o dever de se informar e de opinar sobre tudo, mas quando chega ao momento de decidir, acredito que um engenheiro saberá melhor do que ninguém a quantidade de ferro necessário, que o médico saberá melhor do que ninguém se se deve fazer um tratamento hormonal ou não, que um mecânico saberá melhor do que ninguém se o problema é no carburador ou na bomba de gasolina ,e já agora que o economista servirá para alguma coisa.