Apesar do tom francamente positivo desta crítica, a escritora, que lançara havia pouco tempo o seu romance e vinha tendo vendas apreciáveis, veio a público, através do mesmo Jornal Literário, para se insurgir contra o que considerou ser uma “verborreia descabida do crítico”, “desinteria literária com laivos de grandiloquência, que mais não foi que um ensaio da sua própria capacidade de escrita, aproveitando-se de um nome que não pediu publicidade.”
Vasco Miranda Telles comentou, numa noite de entrega de prémios literários, em que discorrera sobra a obra de Teixeira de Sousa e se lembrou de fazer um paralelo com Vanda: “Nunca vi ingratidão maior numa só pessoa. Não duvido que tenha contribuído em grande medida para que o romance se venda tanto.”
Mas no jornal, na edição seguinte, respondeu, com um texto que não fugiu à linha do primeiro: “Fiel à sua natureza, Vanda destila o seu veneno a qualquer direcção, havendo no entanto alguma candura na sua verborreia inspirada, que nos impede de a levar totalmente a sério.”
Quatro anos depois, veio-se a descobrir que ambos eram amantes na altura da troca de galhardetes. Nunca se conseguiu apurar, no entanto, se teriam planeado toda essa troca de “simpatias” para despoletar as vendas de um romance que, na opinião da própria Vanda, “não vale, de facto, as folhas em que foi impresso!”
Na verdade, a escritora tinha uma imagem pública dúbia, tendo-se recusado a aceitar dois ou três prémios literários e os seus discursos de agradecimentos eram marcados por ferozes cítricas aos organizadores, júris e patrocinadores dos eventos.
Anos depois, comentaria ainda “As pessoas deixaram-se enganar e até hoje cumprimentam-me pela argúcia. Resta-me o consolo de saber que, não sendo boa escritora, sou muito boa a enganar massas. Creio que fiz o que dizem ser impossível: enganar toda a gente durante todo o tempo.”
2 comentários:
cabeça dja bai!!!!!mickinha
Como assim, Mickinha?
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