Deixa escrever palavras mágicas. Deixa engendrar um enredo novo, para sermos os actores, felizes personagens. Deixa inventar muita risada, muita cumplicidade. Deixa desenhar muita sintonia. E depois, deixa comparar com o que temos. Ou não me deixa não. Deixa ficar a história, hoje.
Vamos fingir que somos os dois, actores, vamos interpretar nossos papéis. É fácil, olha: nós nos amámos. É. A gente se ama muito e vai ficar junto. Mais, a gente é apaixonada e não tem grilo nenhum, tá ouvindo? É. Seu papel começa assim: você me beija. E eu faço ah!, que beijo gostoso. Aí é só pegar o jeito, tá vendo? Aí, você me beija o pescoço, me aperta o braço. E me diz, no ouvido “Cê ta gostosa” e “Adoro seu cheiro!” e eu nem falo nada, para não estragar a magia. Só faço uns unh e anhs, e aperto suas costas e passo a mão na sua cabeça bem feita. E penso cá dentro “Amo tanto este homem!” e isso se vê nos meus olhos e na minha boca quando a gente se beija.
(D. Fúlvia é argentina, mas viveu metade da vida em Boston. Gosta de rosmaninho e da Buraca, onde conheceu um senhor simpático, que a chamava de "Criola de oi azul". É correspondente em Búzios.)
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