Descobri-lhe então uma beleza muito única, muito fora dos padrões a que estamos acostumados. Uma leveza de movimentos, uma vontade de viver, de amar… c'etait l'amour du jour, elle était si belle et moi, j'étais si amoureux!
Foi o começo de uma relação intensa e gratificante que conseguiu durar quase um ano que ninguém descobrisse. Depois, estalou tudo e separei-me. Tempos depois, assumimos a nossa relação. Mas depois, inexplicavelmente, as coisas desandaram. Não sei se por estarmos agora com uma relação assumida.
Começamos a ter grandes discussões. Nô fazê ton escandalos, tons expectáculos na mei de gent, que quando nô decidi fcá junt, já nem ca tava dá. Oh satisfação que gent tinha que dá povo, oh povo preocupod que nos vida!
Protagonizamos tantos escândalos, em público ainda por cima, que quando nos decidíamos a ficar juntos, simplesmente não tínhamos coragem. Uma vez, proibi-a de pôr os pés lá em casa e fi-lo frente a toda a gente.
Um vez un dzará, un pôl na rua na mei de gent, un dzel pal limpasse ses cosa pal dasse milha de nha casa na quel horinha, vupt, vupt, ca tem dmorada, qualquer cosa que fcá pa trás, un tava mandá entregal.
Frente aos pais dela, a amigos, a vizinhos, expulsei-a lá de casa face a uma assembleia de parentes e aderentes. Quando nos recompusemos, ela disse-me que me amava, que me amaria sempre mas que não voltaria a pôr os pés lá em casa. Insisti com ela, mas ela fez ponto de honra, e de certa forma, un entendel.
O tempo foi passando e acabámos por nos separar quando até nos dávamos bem um com outro, mas ficava extremamente incómodo e caro encontrarmo-nos. Tinha que ser em segredo, não podíamos ir num só carro, porque cada um proibira o outro de andar no seu carro; se queríamos ir juntos a algum sítio, tínhamos que alugar uma viatura.
Uma vez, retiveram-nos a caução porque numa discussão entre os dois, despejei vinho no assento de trás e sobre o vestido dela. Havia vários locais onde nem nos deixavam entrar, por termos lá armado alguma confusão.
Ela era um bocado ordinária, sem dúvida e eu também nunca fui conhecido como um tipo paciente. Aliás ainda lhe assentei um par de bofetadas em público e ela quebrou-me um vidro da casa com uma pedra. Mas o facto é que as reconciliações não tinham preço. Um amigo meu ainda disse uma vez que andávamos a armar isso tudo para apimentar a nossa vida sexual, mas era um autêntico disparate. Nunca tivemos problemas a nível sexual.
O que começou a pesar entretanto foi a minha vida profissional. Eu, como profissional liberal, dependo da boa-vontade dos meus clientes. Não me fica bem ter fama de arruaceiro e as bofetadas saíram-me bem caras. Se antes só se dizia de mim que era um bom advogado e bom pai de família, hoje em dia o meu nome anda pela lama.
Pior cosa ê fama, ness terra. Fácil de ranjá, difícil de perdê. Gent ca ta tchá de salvob lá por isso, mas bo ta cabá de dá costa, bo ta sintis log ta comentá.
Soube-se de tudo. Dos locais onde nos encontrávamos quando ainda era tudo escondido. Das viagens a Santo Antão, à sua terra São Nicolau. Houve até quem viesse contar as nossas afectividades em pleno Monte Gordo. O que vale é que me tiraram da lista de possíveis elegíveis a deputado, o que doeu forte no meu orgulho.
No caso dela, foi o contrário: as pessoas acorriam às suas boutiques na esperança de saberem mais, de estarem por dentro, quem sabe até de testemunharem um escândalo ao vivo. Deve ter sido a primeira vez em toda a história das ilhas, que uma mulher saiu beneficiada por ter tido um caso com um homem casado.
Foi o começo de uma relação intensa e gratificante que conseguiu durar quase um ano que ninguém descobrisse. Depois, estalou tudo e separei-me. Tempos depois, assumimos a nossa relação. Mas depois, inexplicavelmente, as coisas desandaram. Não sei se por estarmos agora com uma relação assumida.
Começamos a ter grandes discussões. Nô fazê ton escandalos, tons expectáculos na mei de gent, que quando nô decidi fcá junt, já nem ca tava dá. Oh satisfação que gent tinha que dá povo, oh povo preocupod que nos vida!
Protagonizamos tantos escândalos, em público ainda por cima, que quando nos decidíamos a ficar juntos, simplesmente não tínhamos coragem. Uma vez, proibi-a de pôr os pés lá em casa e fi-lo frente a toda a gente.
Um vez un dzará, un pôl na rua na mei de gent, un dzel pal limpasse ses cosa pal dasse milha de nha casa na quel horinha, vupt, vupt, ca tem dmorada, qualquer cosa que fcá pa trás, un tava mandá entregal.
Frente aos pais dela, a amigos, a vizinhos, expulsei-a lá de casa face a uma assembleia de parentes e aderentes. Quando nos recompusemos, ela disse-me que me amava, que me amaria sempre mas que não voltaria a pôr os pés lá em casa. Insisti com ela, mas ela fez ponto de honra, e de certa forma, un entendel.
O tempo foi passando e acabámos por nos separar quando até nos dávamos bem um com outro, mas ficava extremamente incómodo e caro encontrarmo-nos. Tinha que ser em segredo, não podíamos ir num só carro, porque cada um proibira o outro de andar no seu carro; se queríamos ir juntos a algum sítio, tínhamos que alugar uma viatura.
Uma vez, retiveram-nos a caução porque numa discussão entre os dois, despejei vinho no assento de trás e sobre o vestido dela. Havia vários locais onde nem nos deixavam entrar, por termos lá armado alguma confusão.
Ela era um bocado ordinária, sem dúvida e eu também nunca fui conhecido como um tipo paciente. Aliás ainda lhe assentei um par de bofetadas em público e ela quebrou-me um vidro da casa com uma pedra. Mas o facto é que as reconciliações não tinham preço. Um amigo meu ainda disse uma vez que andávamos a armar isso tudo para apimentar a nossa vida sexual, mas era um autêntico disparate. Nunca tivemos problemas a nível sexual.
O que começou a pesar entretanto foi a minha vida profissional. Eu, como profissional liberal, dependo da boa-vontade dos meus clientes. Não me fica bem ter fama de arruaceiro e as bofetadas saíram-me bem caras. Se antes só se dizia de mim que era um bom advogado e bom pai de família, hoje em dia o meu nome anda pela lama.
Pior cosa ê fama, ness terra. Fácil de ranjá, difícil de perdê. Gent ca ta tchá de salvob lá por isso, mas bo ta cabá de dá costa, bo ta sintis log ta comentá.
Soube-se de tudo. Dos locais onde nos encontrávamos quando ainda era tudo escondido. Das viagens a Santo Antão, à sua terra São Nicolau. Houve até quem viesse contar as nossas afectividades em pleno Monte Gordo. O que vale é que me tiraram da lista de possíveis elegíveis a deputado, o que doeu forte no meu orgulho.
No caso dela, foi o contrário: as pessoas acorriam às suas boutiques na esperança de saberem mais, de estarem por dentro, quem sabe até de testemunharem um escândalo ao vivo. Deve ter sido a primeira vez em toda a história das ilhas, que uma mulher saiu beneficiada por ter tido um caso com um homem casado.
4 comentários:
Então era casado...
Bem feito. Não podia ter escolhido melhor amante.
Ja bo pom li na gargalhada.
Nox, estás a acompanhar de perto, anh? hehehehe
Nádia, em que parte é que te riste?
Gostei imenso desta ficção/realidade. Imaginação, criatividade, emoção, crítica, amor, desamor, está tudo lá numa escrita que me parece mais maturada e, digamos assim, "escorreita".
Quel bisca ca tive nem assistida a trunfo na fim. C'est la vie...!
a) RB
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