O
Chico Buarque olha para mim com aquela cara séria e eu também olho para ele,
sem me poder desviar um segundo. Venho de um leilão onde por pouco, arrecadava
o piano da Nina. A verdade é que não haveria jeito de o subir em casa, então
teria que o doar para o Conservatório e depois ir lá todos os dias enxotar quem
nele quisesse tocar. Algures, ao longe, soam as notas e se o vento está de
feição, ouve-se... Geni...
O
Caetano disse que passaria pelo café, mas deixou-se ficar com o Cohen em
Silves, que é uma cidade muito bonita onde nunca pus os pés, porque para tal
teria que ter dito à Ryahnna: não precisas de mostrar os seios dessa forma para
venderes discos.
Mas
podes mostrá-los por outras razões. Podes mostrá-los para celebrares a tua
juventude, beleza, fama e sucesso. Podes mostrá-los se o que queres é fazer
inveja à Beyoncé. Acredito no entanto que haja outra explicação: a razão pela
qual mostras os seios é porque não consegues aguentar esse segredo. Amas demais
os teus seios, achas que são tão bonitos que simplesmente, tens que os mostrar.
Tenho notícias para ti: são OK. Sim, são OK. Mas pronto, só tens esses dois e
vistos de cima como os vês, ou refletidos parecem-te perfeitos e magistrais e
geniais e por isso lá estás tu, exibindo-os para todo o mundo. Ou para a
Beyoncé, coitada.
O
Chico também não os achou nada de especial. Disse que bonitos, bonitos, eram os
da Betânia, fartos, os mamilos grossos como dedos. Fiquei a olhar para ele de
boca aberta. Não por ele ter dito isso, nada, mas porque sempre que o Chico
fala comigo, fico de boca aberta, os olhos dele demasiado azuis para a minha
tensão arterial.
E
para a minha conta bancária. Fico a pensar, quanto custará o Chico? Certamente
caro, mas quanto? Uma vez comprei a Houston. Ela, normal. Cantou, sorriu.
Bonita! Disse-lhe dos karaokes, dos clubes de fãs. Não se impressionou muito.
Mas bonita!
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