Soncent

Soncent

sexta-feira, 23 de novembro de 2007

Em Badio é que nos entendemos?

Fui até à Praia esta semana e foi com surpresa que me dei conta de que a assistente de bordo nos dava as boas vindas em Badio, para depois se nos dirigir em Português, Francês e Inglês. No final da viagem, perguntei a uma das assistentes acerca desta novidade e ela disse-me que vai ser introduzida em todos os voos da companhia, até Janeiro. E perguntei logo: mas vai ser dita em Badio? E ela:
- Eu já lhe disse que não sei dizer isso em badio, quando for a minha vez, direi em crioulo de São Vicente. O pior é um colega meu, que é "di fora". Quando ele fala, ninguém percebe.
- Pois, imaginei...

...

Isto assim é complicado...
E levantou outra questão:
- Mas porquê?
- Porque há muita gente que não percebe o Português.

...

Eu até acho o Badio uma língua bonita, viva, mas que não a percebo toda, lá isso não. E sei que há muita gente no mesmo bote. Barco. Navio.
Que é que pensas disto?

60 comentários:

Anónimo disse...

por isso qui fazi di criolo lingua oficial ê problema qui ê.

enton si n' encontra co bo n' tem ê qui papia português pa bu intendem? e vice-versa tb?

da caps

Miguel Barbosa disse...

Não viaja não, ok? Menos...

Eileen Almeida Barbosa disse...

Da Caps, se bo falá badio, devagar, un ta entendê 95%. Se for depressa, un ta fcá pa trás. Se bo falá badio di fora, un ta entendê uns 70%. Mas gent de Sintanton tem ainda mais dificuldade. Ou não? Ess li ê um realidade e pront. Ilhas era mais fastód do que hoje em dia (em termos relativos) e cada criol evoluí de sê manera.

Eileen Almeida Barbosa disse...

Miguel: ok, dizeste um comentário. Boa! Mas e a mensagem, qual foi?

Anónimo disse...

Eileen, eu já subi a bordo do avião e a pessoa me atendeu na tua variante, não vi problema nenhum.
Quando vou à maioria dos serviços publicos e empresas na Praia sou atendido também na tua variante. Acho normal. O problema eu acho reside num certo tipo de "percepção" que uma certa classe média tem em relação ao Badiu a pessoa, a lingua e tudo o mais.
Isto de não entender é relativo. Eu sou do interior e entendo a lingua falada em todo o Cabo Verde, talvez por não ter preconceitos nenhuns em relação a nehuma das variantes. We need to move on on this.

Um abraço
Djinho Barbosa

Eileen Almeida Barbosa disse...

Sabes Djinho, o problema pode não passar por preconceitos: o badiu é o crioulo que mais influência teve de outras línguas, é mais antigo, daí estar mais longe do português. Tem palavras "originais", que só existem em Santiago. O resto das ilhas, por já terem sido povoadas posteriormente, têm também um crioulo mais influenciado pelo português, na minha opinião. E, portanto, relativamente mais fácil. Acho que seria mais fácil "move on" se o resto das ilhas não sentisse uma certa pressão para assumir o badiu como "língua de Cabo Verde". Há uns meses apenas, a Dra. ... dizia, num conselho de ministros, que há vários programas tanto na televisão de CV como na rádio, falados "em língua di terra" e cujo conteúdo ela simplesmente não compreendia.

Anónimo disse...

pois é eileen,

por acaso n' tem expriência q mostra ma de facto pessoas di santanton tem algum dificuldade na entende criolo de santiago e vice-versa.

Comissários de bordo debi enton fazi esforço pa fala de vagar e co palávras claro. Ideia ê interessante pamó ê ta promove criolo.

O que ê sempre preciso ê bom-senso e algum boa vontade.

da caps
um badio, qui ta adora obi sampadjudo
(p.ex, n' curti bu resposta em sampas)

Anónimo disse...

Mas, qual o problema?
Para os que não entendem badiu, há sempre a versão em pt, fr,Ing...A maioria faz a regra linguística, é assim na Espanha, na Rússia, na França e em todos os países onde há minorias linguisticas ( estas ficam em regra, tipo, reserva de índio). E quando a "intelectualidade" cv se concentrar definitivamente na Praia, a questão de qual crioulo falar já nem se colocará. É a realidade de um mundo que tende à normalizar-se, e a norma é inevitavelmente a da maioria, e ninguém escapa a esse fado( no caso pop!)
Entendo a revolta cultural dos que são excluídos e assimilados, mas podem ter certeza que os filhos destes não se importarão. Fica o folclore. Mas apesar do que digo, por ser um realista crónico, acredito que a diversidade é uma das maiores riqueza, e não apenas cultural, de uma nação.

Miguel Barbosa disse...

Querida Eileen,
Sou fã do teu blog, o qual sempre recomendo como um dos melhores.
Reconheci em teu texto um certo bairrismo que nunca havia notado em nenhum dos anteriores.
Sei que não foi intencional. Foi desnecessário...
Espero que não te tenhas ofendido com meu comentário, relendo-o, achei deselegante. Apaga-o, por favor.
Quando se referem ao criolo da Praia como Badio,soa-me mal.
Desculpa-me se nunca escrevi elogiando e agora critico.
Mereces todos so elogios, pois tens uma escrita doce e infantil ( no sentido fantástico).
Um beijo nesse coração criativo...

Anónimo disse...

eileen, se nos da capital protestarmos contra toda a casta de sampadjudus que no atendem nos servicos publicos e privados da capital, entao nao fariamos mais nada o dia todo. eu sou da praia e tambem tenho bastante dificuldade em entender uma pessoa de santo antao. alias, tenho muita dificuldade mesmo, ha palavras que eles usam (e tambem voces de SV) que eu pura e simplesmente nao entendo porque nao sei o seu significado. mas nao e por isso que acho que o portugues deve ser imposto everywhere, at all times. acho sim que em vez dessa atitude desconfiada e de bota-abaixo devemos tentar conhecermo-nos melhor e entender as nossas diferencas e similitudes, sem preconceitos e sem ideias feitas.
alias, quando as pessoas se despem de preconceitos entendem que entre os povo das ilhas ha mais coisas a uni-los do que a separar-los ... mas infelizmente nem toda a gente percebe isso, e o "tom" do teu post deixou transparecer isso mesmo :(

Anónimo disse...

é curioso mta gent pensar q nós é q não entedemos o badio, mas fiquem a saber mtas vezes tb não percebem o nosso crioulo d saocent (pelo menos é o q dizem os meus colegas de santiago da fac, ao q parece falamos mto depressa). oficializar o crioulo numa só variante trará problemas não só de ordem burocrática, linguistica e acima d tudo (não podemos eskecer) social, como nós todos sabemos das rivalidades barlavento/sotavento, ainda mais temos a centralizaçáo do poder politico, economico, etc na capital... mas td isto tem a ver com questões historicas pk de facto nunca foi imposta (na pratica, excepto escolas, etc.) q o portugues como lingua oficial, ja como alguem aki referiu, em qq serviço só se fala em crioulo, ou seja, aprendemos o portugues na escola apenas para escrever e compreender? e a fala, onde fica no meio disto? conclusão: portugues intxod!!!!!

Eileen Almeida Barbosa disse...

Ao AP e ao anónimo das 9h35: Gostamos sempre mais de algo, quando nos não é imposto. Eu sinto que há uma tendência para a imposição do Badio, como o nosso crioulo, da cultura Santianguese, como a nossa cultura cabo-verdiana. Eu, Eileen, sinto isso, nas conversas, nas atitudes de pessoas. Não utilizo o Badio como expressão prejorativa, apenas como designação do crioulo que se fala em Santiago. Tenho apego ao Português, sim, e sinto - eu Eileen - que há um virar de costas à língua que tem sido o nosso meio de chegarmos lá fora. Parece que, de repente, o Português já não presta, que é estrangeiro, que não é nosso, então tem-se que usar o crioulo em tudo. Ainda não estou convencida dos ganhos que daqui virão. E afirmo-o com toda a modéstia, porque sei que esta questão é bastante complexa. Por mim, as coisas tal como estão estão bem: uso o Português ou os seus susbtantivos sempre que o assunto é mais sério e formal - e uso o crioulo para o dia-a-dia, com amigos, com tudo o que é mais familiar. Mas sei que isto não serve para todos. ...

Eileen Almeida Barbosa disse...

Miguel: não gostei do te comentário, tal como adivinhas. Nem me reconheço como bairrista e tal como explico no meu comentário anterior, é mais uma reacção à pressão que se sente em relação à língua da maioria. Em contrapartida, é claro que gostei dos elogios. heheheh Beijo para ti tb.

Unknown disse...

Mim tá mora li e acho que falo Badiu bem mas dizem-m que ainda falo "fedi". Não me importo pois optei por falar Badiu. A tendencia é elogiarem-nos(sampadjudos) por falarmos Badiu. E é isso que me preocupa. E Muito! Pois isso acompanha as publicidades e os discursos institucionais na variante de Santiago. Que se quer dominante. Haverá resistência meus senhores...e muita. Crispação e divisão desnecessaria se cada um por si não encarar seus recalcados complexos e bairrismo.

Segisleu Bonifacio disse...

...acho que nos entendemos em qualquer lingua(ou variante?) , mas a solução pra termos o "nosso" criolo oficial ainda n esta encontrada!

Anónimo disse...

Com uma das tuas intervenções levantou-se-me a dúvida... (apenas curiosidade) qual é a tua língua materna Eileen?
Em relação à tua questão inicial, parece-me que os cabo-verdianos em geral podem estar a criar, pelas guerras regionais infantis, um problema sério. Primordial seria defender o crioulo como língua nacional. Língua única de todos os cabo-verdianos. Um país tão pequeno e, na generalidade, não consegue ver mais longe do que o próprio umbigo. Ah, não percebo o crioulo de Santiago diz o sampadjuda ou o crioulo de Santo Antão é isto ou aquilo dizem outros. Ao defendermos o crioulo – um, dois ou nove (porque há teorias para estas 3 hipóteses) – defendemos Cabo Verde. Há especialistas a defenderem, com conhecimentos para isso, que, na verdade, apenas há um crioulo de Cabo Verde. Não há língua no mundo que não tenha as suas variantes, e muitas são tão ou mais distantes quanto o badiu está do crioulo de SonCent. E todos os países onde essas línguas são faladas conseguiram chegar a plataformas de entendimento quanto à adopção de uma ortografia e de regras gramaticais 100% estabelecidas. Qualquer português de Lisboa, sem qualquer relação particular ou familiar, não entende aquela gente dos Açores que nunca saiu da sua ilha e que tem uma pronúncia muitíssimo cerrada e um forte vocabulário regional. Enfim... não deixa de ser português, embora, repito, não seja entendido pela maior parte dos portugueses. E isto não é conversa! Experimentem... Da mesma forma, encontramos um vocabulário regional espalhado pelos locais mais recônditos de Portugal. Palavras essas que são desconhecidas para o resto do país. Para mim, há em Cabo Verde, quando se fala destas temáticas, duas enormes confusões: os cabo-verdianos assustam-se com a ideia da oficialização do crioulo como se isso pudesse alguma vez significar a perda ou o afastamento da língua portuguesa; e todos os cabo-verdianos que não os de Santiago assustam-se também quando se fala da adopção do badiu como se isso pudesse significar que as gentes do Mindelo, por exemplo, tivessem que passar a exprimir-se em crioulo de Santiago. Sou claramente de SonCent mas prefiro a defesa do crioulo, que se atingirá com a normalização de uma ortografia, do que a continuação desta guerrilha linguística que apenas empobrece Cabo Verde. Tenho dito! Beijos e abraços

Cesar Schofield Cardoso disse...

Impressionante é como que, encontramos todas as dificuldades do mundo para reconhecer a língua que nos comunicamos TODOS OS SANTOS DIAS, seja a trabalhar, seja a foder, seja a brincar e não conseguimos encontrar um ÚNICO consenso sobre como deve ser feita essa promoção. Há imensas questões a tratar evidentemente. Há preconceitos e há visões erradas. Aceito que até possa haver uma pressão da ilha que tem, nada mais, nada menos que, 1/4 da população deste país, em fazer predominar a sua "Cultura", como se essa "Cultura" fosse uma coisa extraordinariamente diferente do resto das "Culturas". Aceito isso tudo; o que não aceito é que tu Eileen que, queiras ou não, já és referenciada com a nova produtora de Cultura do teu país, se deixe levar por esta onda emocional, em relação a uma questão que nos foi deixada pela colonização, que nos divide e nos confunde: o badiu e o sampadjudu.

Por paradoxo, conheci-te na Praia; távamos na paródia; não me venhas dizer que não entendias o que os badios andavam por lá a dizer. Falando rápido ou devagar, mais fundo ou menos fundo...não acredito que um caboverdiano não consiga perceber o outro, se assim a vontade for. Há variantes muito locais? Pois há; também há no português, no espanhol e em todas as línguas do mundo.

Não vou esconder que fiquei de coração apertado ao ler o teu post. Eu que, como o Miguel, anda a elogiar-te sempre que posso. Não é chantagem; é só para perceberes o quanto as tuas palavras passaram a pesar, a partir do momento em que tens pessoas que te admiram.

Até
César

Anónimo disse...

Não é PREJORATIVO mas sim PEJORATIVO.
É por isso que muita gente prefere falar em crioulo: não existem erros; não há gramática; não há nada...E os magoados badios ficam felizes e contentes falando e posando de doutores...Já agora, vá se habituando , como AP disse, em apreender a cultura e a língua badia, pois deles será Cabo Verde, é uma questão de tempo. Beijocas

Anónimo disse...

Eillen
O crioulo mais proximo do portugues é o da vertente de Santiago e não de São Vicente.
a meio caminho fica o de São Nicolau e só depois o de São Vicente. Caiste num erro em que muitos caem, apenas porque, de ouvido, o crioulo de São Vicente parece mais "audivel" aos que entendem portugues. Lê sobre o assunto. Nho Baltas foi dos primeiros a dar-se conta disso. Eu fico realmente contente se ao viajar nos TACV receber as boas vindas em crioulo, seja lá de que ilha for. AAS

Eileen Almeida Barbosa disse...

Aqui há tempos, escrevei um post a perguntar se seria verdade que o meu blog era consultado por gente de cá e lá, e quase ninguém fez barulho, tal como pedi. No entanto, foi só "mentar" os crioulos, para as tocas se abrirem e aparecerem até desaparecidos em combate, como o Bonifácio. Fico contente em ver que o blog sempre tem sido lido. Fico contente quando me dou conta de que se vai fazendo um pequeno fórum cá, e que vocês me vão chamando a atenção e se vão chamando a atenção para aspectos que nos fogem da mira quando exprimimos a nossa opinião. A dificuldade é vir responder a cada um... mas vamos tentar:
Tiago: a minha língua materna literal é o crioulo, claro. E a paterna é o Português, na qual o meu pai sempre se me dirigiu (e ainda bem). De resto, cresci em Soncent, portanto sempre falei crioulo. Também uso um bocadinho da variante de Santo Antão, Boa Vista, Santiago e Fogo, quando os originários de lá não estão presentes para me desmascarar.

Concordo contigo quando dizes que as variantes são mais parecidas do que parecem. O César diz acima que nos conhecemos numa paródia e que eu entendia o que se dizia. É verdade. O que eu queria mesmo deixar claro é que é a imposição do badio que me faz meter as unhas de fora.

Eileen Almeida Barbosa disse...

César: nem sei o que dizer. Mas acho que não devo vir andar a pisar ovos, porque há quem me admire ou recomende o meu blog. Eu tenho a minha maneira de ser, que é meio assim: se estou na noite, na Praia ou em Mindelo e dizem-me: "não saias sozinha porque é perigoso", eu digo "se não sair, por ter medo de cassiobody, então já me tiraram o meu bem mais precioso - a liberdade". E se também me disserem "não erres, não emitas opiniões polémicas, não refiles, porque tens quem te admire", então... também será uma forma de me tirar a liberdade. E se a questão do crioulo divide a nação, como dizes, porque não me há-de fazer falar também? Que é que tenho a mais ou a menos, para não poder dar a minha opinião, nem que seja a mais descabida de todas?

ESD disse...

essa de falar criolo tem muito que se lhe diga. por isso será dificil uniformizar o criolo de modo a que seja uma verdadeira lingua. sera dificil porque os centros de poder tenderao a colocar ou a dar primazia ao criolo badiu em detrimento dos outros. isso so levará a exacerbar ainda mais o bairrismo cabo-verdiano como também será de dificil entendimento para as pessoas de outras ilhas. se alguem de santiago falar badiu comigo e o fizer como se estivesse na presença de um outro santiaguense, eu não pescarei metade do que vier a dizer. E eu sou de santo antao...Portanto mais vale o portugues. pelo menos é algo que nos mantem unidos...

Cesar Schofield Cardoso disse...

Eileen, rendo-me às tuas argumentações. É verdade que tens todo o direito de opinares, mesmo que seja a mais descabida das opiniões. Ainda por cima estamos no teu blog; a tua casa. Desculpa lá a pretensão.

Vou fazer uma correcção: não concordo contigo. Assim fica melhor; é tão somente a minha opinião também; e desculpa que venha à tua casa para dizer isso. Não concordo por razões simples:

Somos muito mais próximos (as ilhas) do que distantes; a nossa língua é muito mais consonante que dissonante; temos as mesmas crenças (falo da cultura popular); temos as mesma música (embora alguns géneros se radicalizem em algumas ilhas); temos as mesmas manias; temos a mesma saudade; temos a mesma culinária; temos o mesmo sentir; e até temos os mesmos defeitos. O que temos de profundamente dissonate é o PRECONCEITO.

Infelizmente, somos exarcebadamente preconceituosos, uns em relação aos outros. Imagina tu que, eu nascido em SV, por viver na Praia, sofro de um duplo preconceito: se defendo a minha cidade (esta que vivo), não tenho o direito, porque sou um sampadjudu de merda, vai pra tua terra...se defendo a minha ilha (ou critico), sou um expatriado de merda, badiu de segunda...enquanto que tento (juro que tento) acabar com os preconceitos a todo o custo. Tento encontrar até no meu espírito uma reunião de tudo o que me pertence, que é a Cultura de toda esta terra, que é tão extraordinariamente poderosa que nem a emigração prolongada consegue destruir. Por isso somos um povo tão claramente identificados no mundo inteiro: pelo facto da nossa Cultura ser tão pujante. E o principal vector de toda a Cultura é a língua; a nossa é o Caboverdiano e é poderosa. Ela é una. Há estudos interessantes sobre o Caboverdiano, que mostram como ela é consistente.

Não concordo com a tua indignação no avião e as tuas posições sobre a "Cultura badia"; expressão aliás que está a ganhar moda que é uma treta. Não concordo com este sentimento (não só teu) dos Mindelenses, que acham que há um plano diabólico engendrado na Praia para acabar com SV.

Eileen, tu sabes, aqui na Praia há pessoas (que me incluo) que vem fazendo um trabalho devagar e paciente, a favor da Cultura (a única), lutando contra todos os preconceitos, os de lá e os de cá, tentando incluir todas as pessoas que estão interessadas em melhorarmos esse baixo espírito que reina no nosso país. Aqui na Praia, falamos de ti, enquanto a nova aquisição desta luta. Continua opinando como queiras. E eu continuo a dizer-te quando me desiludes.

Abraço
César

Segisleu Bonifacio disse...

...acho que é midjor pa guentis começa ta prendi chinês...

Eileen Almeida Barbosa disse...

César: permite-me fazer-te uma pequena correcção: o PRECONCEITO, tal como explicas, não é dissonante, mas sim consonante. Tu próprio afirmas que tanto existe lá, como cá. E mais outra correcção: eu não me "indignei" no avião. Achei mais piada que outra coisa. E o ponto que vocês não captaram, e que para mim era um dos mais importantes, foi "estamos a falar em crioulo porque há quem não perceba português". Isto, para mim, é que é verdadeiramente pertinente. Termos o português como língua oficial há séculos e haver ainda cabo-verdianos que não o percebam. No entanto, percebem novelas brasileiras, relatos de futebol em português, noticiários, programas de entretenimento... E não creio que possas falar por todos, quando dizer ser uma treta a ideia de que em Santiago se encontram pessoas a querer "abafar" São Vicente. Eu própria tive colegas que se referiam a Santiago como Cabo Verde, que afirmaram na minha cara que a língua de CV é o badio. Eu noto, ninguém me disse, que existe essa tendência sim senhor. Uma espécie de má vontade, de raiva baixinha e surda. E preocupo-me um bocadinho, porque há coisas que acontecem lá, e que não gostaria que passassem para o resto do país. Refiro-me aos esquemas que por lá se passam, à desorganização do trânsito, do comércio; por outro lado, nota-se maior vontade de trabalhar em Santiago, e isso é muito positivo. Enfim, vai apitando quando te desiludir, sim senhor... Sou sensível a estes aspectos, parecendo que não. Abraço.

Eurídice Monteiro disse...

Olá Eileen

Fiquei surpreendida pela forma como abordaste a variante de Santiago! Deixei-te uma carta no meu blog…

Saudações

Eury

Eileen Almeida Barbosa disse...

Li e respondo, Eury, obrigada. Beijos.

marciano moreira disse...

1º kuza: nhas parabens pa Sinhorita Eileen – pamodi el labanta un kiston inpurtanti: uzu di lingua kabu-verdianu li na nos tera.

2º kuza: pruvavelmenti ti ki nos kabu-verdianus nu sta odju na odju nu ka ta uza purtuges pa nu diskuti entri nos, partikularmenti sobri nos lingua – purtantu, nu ka meste uza purtuges li na es forun.

3º kuza: ti ki ofisializadu lingua kabu-verdianu, ta bai ten un fazi di tranzison i di aprendizaji di disionariu di nos lingua, ku splikason di tudu palavras ki ta sai di gargantas di tudu kabu-verdianus, di Santu Anton kanba Djabraba.

4º kuza: N ta atxa normal ki nos konpatriotas di otus ilha fika ku medu di “inpozison” di varianti di Santiagu pa ser uniku varianti ofisial – pruvavelmenti si mi N era di otu ilha tanbe N ta inventaba un monti di razons pa inpidi ki isu kontise.

5º kuza: es tipu di rizistensia debe ter akontesidu ku kuazi tudu povus ki oxi ten ses linguas maternu ofisializadu – pamodi na tudu linguas tenba i ta kontinua ta ten txeu variantis; si es es konsigi un soluson – nos tanbe nu ta konsigi, pamodi nos e ka mas buru di ki es. O sira ki nos nu e?

6º kuza: komiku e ki ti ki nu ta papia di inpozison, nu ta skese ma paradigma di inpozison e lingua purtuges li na Kabu Verdi – el e izenplu perfeitu di inpozison ki ta da un monti di kanseras i kontratenpus pa maioria smagadora di kabu-verdianus tudu santu dia. Si nhos kre sabe signifikadu di INPOZISON nhos analiza uzu di lingua purtuges li na Kabu Verdi – so buru ta kre pasa burgonha, da baraka pa sisi! Nos e ka stupidu – purtantu, ti ki nu uza purtuges konsienti ma nu ta bai da baraka i pasa burgonha, ker dizer ma nu sta peranti un INPOZISON.

7º kuza: alguns pesoa ta uza pulitika di kel mai falsu frenti di rei Salumon (si nha varianti ka ta salva, nton N ta mata tudu variantis. Modi? N ta uza/difende so purtuges). Es atitudi e ka atitudi di un kriston.

8º kuza: na nves des atitudi (diskritu na pontu 7º) ki e ka propriu di un ser umanu nobri, nu poi kabesa ta funsiona pa atxa un soluson ki ta salva tudu variantis, pamodi ofisializason di lingua kabu-verdianu ka ten tadju - dja sta disididu na nº 2 di artigu 9º di nos Konstituison. E so kiston di priparason ki stadu nel manenti...

9º kuza: pamodi N ka gosta troka fla ku faze, N ta ben diskrebe un pusivel soluson – mi e ka linguista, di manera ki N ka sabe si e un soluson viavel o non.

10º kuza: diskrison di pusivel soluson: I) ta ofisializadu lingua kabu-verdianu sima el ta faladu na tudu ilhas di nos tera; II) sima nº 3 di artigu 9º di nos Konstituison ta ordena, nos tudu nu ta ser obrigadu konxi lingua kabu-verdianu. Modi? Asin: a) ta identifikadu tudu kes ilimentu kumun di nos lingua – ki ta izisti na tudu variantis; b) ta identifikadu tudu kes ilimentu kumun na variantis di kada grupu di ilhas; c) ta identifikadu tudu kes ilimentu spesifiku pa kada varianti di kada ilha, inkluindu baziletu, mezoletu i akroletu di kada ilha; d) kada kabu-verdianu ta studa: ilimentus di alinia a) pa el ser kapas di ntende-s i uza-s; ilimentus di alinia b) di se grupu di ilhas pa el ser kapas di ntende-s i uza-s + ilimentus di alinia b) di otu(s) grupu(s) di ilhas pa el ser kapas apenas di ntende-s; ilimentus di alinia c) di se ilha pa el ser kapas di ntende-s i uza-s + ilimentus di alinia c) di otus ilhas pa el ser kapas apenas di ntende-s.

11º Asin, kada kabu-verdianu ta uza se varianti pa papia i pa skrebe i ninhun otu kabu-verdianu di Santu Anton ti Brava ka ta fla ma el ka ta ntende varianti ki kel otu uza; Asin, ningen ka ta ben ku sperteza di mata lingua kabu-verdianu. Sobri es pruposta diskritu sumariamenti na pontu 10º (sima António de Paula Brito na 1885, xeiu di amor pa skultor sublimi di nos alma – lingua kabu-verdianu – flaba) “nhos le-l ku atenson i nhos imenda-l ku razon” (sitason atualizadu – fonti: pajina 102 di livru “Proposta de Bases do Alfabeto Unificado para a Escrita do Cabo-verdiano”, IIPC, 2006).

12º So si ki nu ta prova nos amor pa Kabu Verdi – kenha ki ta ama-l, ta ama tudu kes valoris ki ta karateriza kada parti del, inkluindu variantis di nos lingua! Kenha ki ta ama Kabu Verdi ka pode kre pa ninhun kabu-verdianu xinti inferiorizadu.

PS: Na jornal A Nação di 11/10/2007, 25/10/2007, 1/11/2007 i di 15/11/2007 dja sai 4 artigu di meu, rispetivamenti: rizumu di regras di bazis di alfabetu ki nos Guvernu dja aprova (Dikretu-Lei nº 67/98, di 31/12, in 5º Suplimentu); izenplus di aplikason di kes regra; nhas tezi ma debe uzadu asentus so na disionariu pa splika prununsias di kes palavra ki ka ta sigi lojika abitual; i nhas tezi ma e midjor nu fika ku nos i i nu dexa spanhois ku ses y. Ku apoiu di nos nova prinseza di literatura kabu-verdianu (Sinhorita Eileen) N ta pensa divulga nes forun li kes 4 artigu la na kumentarius ki ta sigi.

marciano moreira disse...

RIZUMU DI REGRAS DI BAZIS DI ALFABETU KABU-VERDIANU OFISIAL:

Ku 3 kunhisimentu so, dja bu pode kumesa oji me ta uza alfabetu kabu-verdianu ofisial, sen nisisidadi di dikora modi ta skrebedu ninhun palavra i sen medu di da baraka na skrebe ninhun palavra, pamodi ku es alfabetu nos Guvernu ta autoriza nu skrebe sima nu ta prununcia o le sima nu ta skrebe. Alfabetu ki nos Guvernu dja aprova (Dikretu Lei nº 67/98, di 31/12, na 5º Suplimentu) ta sirbi pa skrebe tudu variantis di nos lingua – di Santu Anton ti Brava. Es alfabetu libertador, konxedu pa sigla ALUPEC (Alfabeto Unificado para a Escrita do Cabo Verdiano), ta prendedu na 1 pajina so (istu e, ta prendedu faxi), pamodi el ten 3 sinplifikason inpurtanti:

I) Ka ta izisti letra matxa-femia, istu e, letra ku mais di un son so pa trapadja mininus kabesa. Pur izenplu: G ten son di G di galinha na tudu palavras – istu e, ka ta pirmitidu le G as ves sima G na galinha, as ves sima J na girafa ; O ten son di O di obra na tudu palavras – istu e, ka ta pirmitidu le O as ves sima O na obra, as ves sima U na gato; S ten son di S di subida na tudu palavras – istu e, ka ta pirmitidu le S as ves sima S na subida, as ves sima X na misto, as ves sima Z na rosa; X ten son di X di xaropi/xarop na tudu palavras – istu e, ka ta pirmitidu le X as ves sima X na xeren, as ves sima C na próximo, as ves sima KS na flexão, as ves sima Z na êxito; Z ten son di Z di zaragata na tudu palavras – istu e, ka ta pirmitidu le Z as ves sima Z na zelador, as ves sima X na nariz.
II) Ka ta izisti son ku txeu maridus, istu e, son ki pode skrebedu ku mais di un letra so pa konfundi kriansas kabesa. Pur izenplu: son J di joven ta skrebedu so ku J na tudu palavras - istu e, ka ta pirmitidu uza: as ves J na janota, as ves G na geral; son K di karate ta skrebedu so ku K na tudu palavras - istu e, ka ta pirmitidu uza: as ves K na kamoka, as ves C na cubo, as ves Q na quarta; son S di santa ta skrebedu so ku S na tudu palavras - istu e, ka ta pirmitidu uza: as ves S na sala, as ves C na cidade, as ves Ç na praça, as ves SS na passada, as ves X na próximo, as ves Z na luz; son X di xerifi/xerif ta skrebedu so ku X na tudu palavras - istu e, ka ta pirmitidu uza: as ves X na xaropi, as ves CH na chama, as ves Z na cruz; son Z di zebra ta skrebedu so ku Z na tudu palavras - istu e, ka ta pirmitidu uza: as ves Z na zeru, as ves S na fase, as ves X na exame.
III) Letra C mandadu di volta pa Lisboa (djuntu ku si rabu Ç, maridu CH, fidju TCH i primu Q), pamodi na purtuges letra C e kanpion na xatia garotus kabesa: sima nu odja na kes 2 alinia antirior, alen di C ser un letra matxa femia (el ten as ves son di S, as ves son di K, as ves son di Q), pa kaba mata, C e maridu di son S ki ten txeu otus maridu (C, Ç, S, SS, X i Z). Letra C mandadu txupa limon!

marciano moreira disse...

IZENPLUS DI APLIKASON DI KES REGRAS DI BAZIS DI ALFABETU KI NOS GUVERNU DJA APROVA (DIKRETU-LEI Nº 67/98, DI 31/12, IN 5º SUPLIMENTU):

SKRITA KALAPITXADU = SKRITA SIGUNDU ALFABETU OFISIAL: acção de graça = ason/asãu di grasa // actividade de mãe = atividadi/atividad di mai/mãi // baptisado histórico = batizadu istoriku // cabeça quente = kabesa kenti/kent // caminho longe de sucesso = kaminhu lonji di susesu // camisa cinzento = kamiza sinzentu // casa cu higiene = kaza ku ijieni/ijien // centro de praça = sentru di prasa // céu santíssimo = seu santisimu // chama olímpico = xama olinpiku // chefe de tropa = xefi/xef di tropa // cidade de silêncio = sidadi/sidad di silensiu // contente cu nascimento = kontenti/kontent ku nasimentu // copo sima cubo = kopu sima kubu // coraçom /coração feliz = kurason/kurasãu filis/flis // da cem flexon/flexão = da sen flekson/fleksãu // djuga cheque = djuga xeki/xek // enxame cheio de força = enxami/enxam xeiu di forsa // execução = izikuson // gato e gelo = gatu i jelu // hora de contacto = ora di kontatu // horta generosa = orta jeneroza // isolamento geral = izolamentu jeral // julho início de aságua = julhu inisiu di azagua // leme de barco = lemi/lem di barku // lençol de cama = lensol di kama // luz de cruz = lus di krus // mesa rico de êxitos = meza riku di ezitus // pachenxa sem fim = paxenxa sen fin // passada de home = pasada di omi // pescoç de girafa = piskos di jirafa // procissão de hoje = prusison/prusisãu di oji // próximo parage = prosimu paraji // quando N bem = kuandu N ben // quarto exame isento = kuartu izami izentu // sempre necessário = senpri/senpr nisisariu // sentinela sem sentido = sentinela sen sentidu // siciliano noctívago = sisilianu noktivagu // sigilo profissional = sijilu prufisional // sineta de cinema = sineta di sinema // també e tanto = tanbe i tantu // tchapo tchocolate = txapu txokolati/txokolat // tchiga li cretcheu = txiga li kretxeu // tchuba tchobe bedjo = txuba txobe bedju // tchupa limom/limão = txupa limon/limãu // tem nariz feio = ten naris feiu // tempo de tentaçon/tentação = tenpu di tentason/tentasãu // tomba de tontura = tonba di tontura // um, dois, três, partida ! = un, dois, tres, partida ! // umbral de porta = unbral di porta // unta um óleo = unta un oliu // voz de sociedade = vos di sosiedadi/sosiedad // xeque de Arábia = xeki/xek di Arabia ///

Pode gravadu, di grasa, ku 1 klik so, regras di alfabetu kabu-verdianu ofisial na site www.kauberdi.org/alupec.pdf (pa kenha ki ten Adobe Reader na se konputador) o na site http://alupec.kauberdi.org/decreto-lei-67-98.html (pa kenha ki ka ten Adobe Reader). Spadja es noba!

NOTAS DI RODA PE:

(1) Kalapitxadu = tudu patxi-patxidu = sen lojika = ki ta iziji dikora = ki ta po-bu pasa mal ti ki bu da baraka.

(2) Kes palavra ki ta ben dipos di / sta skritu na otus prununsia. Lenbra: sima bu ta prununsia un palavra na bu varianti, asin bu ta skrebe-l.

Anónimo disse...

para se perceber a diferença de posições basta ler o post da Guida sobre este mesmo assunto:www.deolhonapraia.blogspot, dá GOSTO!
mais um detalhe: o pessoal de SV precisa se desenvencilhar dessa mania de perseguição. fiquem descansados, não há qualquer plano para dizimar SV . MAS, de certa forma até vos compreendo porque esse foi o sentimento de muitos praienses que durante decadas e decadas viram decisoes sobre a sua cidade e as suas gentes serem tomadas e impostas por "pessoal do Norte" que ocupava os cargos de decisao.

marciano moreira disse...

NHAS TEZI MA DEBE UZADU ASENTUS SO NA DISIONARIU PA SPLIKA PRUNUNSIAS DI KES PALAVRA KI KA TA SIGI LOJIKA ABITUAL:

Parti obrigatoriu di alfabetu kabu-verdianu ofisial e so kel ki sta rilasionadu ku si nomi (Alfabetu). Istu e, parti ki algen e obrigadu sigi e so kel ki ta mostra ku ki sinal (letra) nu debe skrebe nos lingua i kal ki e son ki kada sinal (letra) ta riprizenta. Es parti prinsipal, na Dikretu-Lei nº 67/98, di 31/12, in 5º Suplimentu, sta ku nomi di "Primeira parte" (pajina 19). 2º parti (ku nomi "Relação do ALUPEC com a escrita", pajina 21) e sujiston di "algumas formas possíveis" di ortografia – purtantu, nu pode sigi-l si nu kre, nu ka e obrigadu sigi-l.

N sigi 1º parti (ki e obrigatoriu) na priparason di kes 3 kumentariu di meu ki sta li di riba i nes prizenti kumentariu. 2º parti (ki e fakultativu) N sigi parsialmenti. Pamodi? N ta pensa ma nu ka meste konplika ortografia di nos lingua ku un monti di asentus. Pabia, rizumidamenti:
I) Mais di 90% di algen ki na futuru ta ben studa nos lingua na skola, ta kumesa prende papia nos lingua na bariga ses mai. Purtantu, ti ki N skrebe, pur izenplu “Papa da-m papa ku leti” - kriansas ta le-l dretu sen asentu.
II) Auzensia di asentus ta diminui rizistensia a ALUPEC: i) el ka ta stafa skritoris di variantis ki e ka konsideradu baziku ku izijensia di poi asentus pa diferensia ses prununsias ku prununsia di varianti baziku; ii) ti ki N skrebe, pur izenplu "ganha gera", pesoas ki ta uza diferentis varianti ta le-l kada un di se manera – i tudu ta ntende i fika sabi (i kel li ki e objetivu di kualker kumunikason skritu – e ka nisisariu ben obriga, pur izenplu, un Santantunensi le “ganha” di nos manera, nen visi-versa).
III) Nos lingua debe priparadu pensandu non na nos ki sta na okazu di vida, mas sin na nos netus, bisnetus, trinetus, etc. Ora, es sertamenti ti ki es ta ben studa na skola, di li 10-20 anu, es ta atxa nos lingua ku disionariu ki non so ten splikason frenti kada palavra modi ki el ta prununsiadu, mas tanbe ki (na konputador) bu ta obi prununsia di kada palavra (sima gosi dja ten, pur izenplu, ku ingles).
IV) Nu ka debe ben altera regras di nos lingua (kriandu konplikasons) pabia di stranjerus – intilijenti e es kustuma ku nos lingua...
V) Ten linguas ki ses ortografia ka ten asentus, inkluindu prinsipal lingua di mundu di oji (ingles). Isu ta prova, di forma kabal, ma nu ka meste asentus, pamodi mesmu stranjerus ta studa ingles sen asentus i sen difikuldadis. Pa maioria di gentis ki ta prende ingles, ingles e ka ses lingua maternu.

Exkluzon di asentus pode leba-bu a era un bes na bida – obrigason di uza asentus pode xatia-bu duranti tudu bu bida! Kada pesoa meste, duranti se vida, 1 o 2 bes di splikason sobri prununsia di un palavra i non tudu santu dia di se bida! Pelus vistu – ku rilason a lingua purtuges, atraves di susesivus alterason ortografiku, sa ta ten kada bes menus asentus... Na internet txeu utilizador di ALUPEC - partikularmenti kes jovens - ka ta uza asentus... Anos e sabidu?!

marciano moreira disse...

NHAS TEZI MA E MIDJOR NU FIKA KU NOS i i NU DEXA SPANHOIS KU SES Y:

Pa bu fla ma bu ta uza alfabetu kabu-verdianu ofisial bu ten ki sigi so kel parti ki sta rilasionadu ku se nomi (Alfabetu). Istu e, parti ki bu e obrigadu sigi e so kel ki ta mostra ku ki sinal (letra) nu debe skrebe nos lingua i kal ki e son ki kada sinal (letra) ta riprizenta. Es parti prinsipal, na Dikretu-Lei nº 67/98, di 31/12, in 5º Suplimentu, sta ku nomi "Primeira parte" (pajina 19). 2º parti (ku nomi "Relação do ALUPEC com a escrita" - pajina 21) e sujiston di "algumas formas possíveis" di ortografia – purtantu, nu pode sigi-l si nu kre.

N sigi 1º parti (ki e obrigatoriu) na priparason di kes 4 kumentariu li di riba i des prizenti kumentariu. 2º parti (ki e fakultativu) N sigi parsialmenti. Pamodi? N ta pensa ma nos lingua ka meste xsepson Y. Pabia, rizumidamenti:

I) Ti ki bu nxina un kriansa alfabetu kabu-verdianu ofisial i modi letras ta utilizadu – si, atu kontinuu, bu faze-l un ditadu (pur izenplu: Deta i kala boka!) sertamenti ki el ta poi i, non y. Alias, ti ki bu nxina-l alfabetu kabu-verdianu ofisial, nen siker el ka ta fika ta sabe ma ta izisti nes mundu letra y, pabia alfabetu kabu-verdianu ofisial ka ten letra y.

II) Ka ten pusibilidadi di un kriansa ka ntende, o ntende mal un frazi pabia di uzu di i enkuantu koordinativa di valor kopulativu. Istu e, ka ten nisisidadi real, objetivu di uza y na lugar di i . Y ka ta traze ninhun benifisiu inkontestavel.

III) Ten otus letra ki ta riprizenta kategorias gramatikal spesifiku, pa len di ses funson primariu (riprizenta un dadu son) sima, pur izenplu: e = N fla-l pa el kala, mas e ka kala // l = da-l un beiju // m = dexa-m ketu na nha lugar // N = N ka sta di benda // o = o bu ta fika ketu o N ta txuputi-bu // sinbulus (g = grama; l = litru; m = metru; etc.). Purtantu, nada ka ta inpidi, similarmenti, letra i di riprizenta non so se funson primariu (son i), mas tanbe palavra i (koordinativa di valor kopulativu).

IV) Nen nu ka pode fala di forsa di tradison – y ka ta uzadu na purtuges enkuantu koordinativa di valor kopulativu i nen nos nu tenba abitu di uza-l antis Kulokiu di Mindelu di 1979. Ka nu ben imita spanhois pa un ladu sen benifisiu palpavel, i, pa otu ladu, konplikandu vida di nos disendentis.

V) Kualker xsepson ta iziji sforsu di memorizason. Kualker xsepson e un kansera pa nos kriansas na futuru, e un fonti di erus. So ta justifika sakrifika-s ku un novu xsepson si el ta ivita un mal maior.

VI) Virtudis di ALUPEC sta na se kapasidadi di liberta nos susesoris di dikora pa sisi.

Npos, pa amor pa nos disendentis, ti ki nu prununsia i, nu skrebe i ! I txau!

Anónimo disse...

Curioso pq são apenas os "Badios"(tb inclui badios de segunda) e que defendem o criolo.As perdas com a secundarizacao do portugues é muito maior que os ganhos, com a oficializacao do criolo.E como JMN gosta de falar em ganhos é melhor centralizarmos os nossos recursos em outras coisas mais importante. Mesmo sendo badiu Concordo plenamente com a Ellien e nao venham com tretas de cultura Uma coisa e oficializacao do criolo e outro e oficializacao do Badiu. Ja agora nem um nem outro. Prefiro o Portugues. O meu cerebro acha uma chatice ler os artigos em criolo. Nao resulta e basta.

Eileen Almeida Barbosa disse...

Marciano, vou confessar uma coisa: li a tua primeira mensagem no dobro do tempo que levaria a lê-la, se estivesse em Português. E não concordo que, palavras que são iguais às do Português, se venham e escrever de forma diferente em crioulo, só para dar dores de cabeça. Tal como "cada". Qual o interesse de se escrevê-lo como "kada"? De maneira que li mal as outras, porque dói. A quantidade de Ks, na minha opinião, fere a vista um bocadinho. Eu escrevo em crioulo, escrevendo tal como as palavras soam, mas também tendo em conta a sua origem, e parece-me bem mais simples e fácil de entender. Obrigada pelo tempo e disponibilidade de vir enriquecer o fórum. No entanto, e presumindo que há leitores do blog que não entendem crioulo, estes não poderão entender o que escreveste e responder. Isto porque um dos problemas de usarmos o crioulo escrito é restringirmos o número de pessoas a quem a mensagem pode chegar. Ou isso não é importante?

Eileen Almeida Barbosa disse...

Ao anónimos das 6h47pm: Li o post da Guida, que de levanta um ponto pertinente. Mas volto à cantiga das novelas brasileiras: há criolo nesta terra que não perceba o que dizem? Ou o que falam os brasileiros não é português? E os relatos de futebol, são feitos em que língua?

Eileen Almeida Barbosa disse...

Já o anónimos das 11h23 pm levanta uma outra questão muito pertinente: neste país ainda com tantas dificuldades, vamos tirar os recursos a que áreas, para os vir trazer para a oficialização do crioulo?

Eileen Almeida Barbosa disse...

Roubei um comentário anónimo ao "Son di Santiago", porque é uma opinião de uma Santiaguese e que portanto, não poderá ser acusado de ter medo desnecessário de ser abafado:

"Anonymous said...
Sou Badiu(o) e de facto comprendo perfeitamente a ideia de Ellien. E uma tremenda disparatada fazer um anuncio em Portugues e Criolo, sendo Portugues a nossa Lingua oficial. Querem forcar a Lingua badia como a primeira lingua de CV verde de uma forma camuflada mas é preciso perceberem que nao resulta. O criolo nao é uma “lingua”. É apenas um pacote de dialectos que contem varios variantes. Para exemplificar é como a Microsoft Office. Nao é um programa, é apenas um pacote de software. Nao me venham com tretas de estudos enviesados."

Anónimo disse...

Eileen,

Desculpa lá, não queria estar a meter-me nisto porque estás em "tua casa" e, como não tenho nada positivo para te dizer (e acho que não te conheço), preferiria ficar calado.

No entanto, ver-te usar o comentário de um anónimo (que pela sua escrita vê-se claramente que não tem nada de badiu), para defender a tua posição, é algo que não posso deixar passar em branco.

Tens a tua postura em que, pelos vistos, acreditas piamente e vais defendê-la até ao fim (o que está no teu direito), mas, por favor, lê de novo o que aquele anónimo escreveu.

Com a tua inteligência, verás claramente que aquilo não pode ser a escrita de um badiu, e que usá-la a teu favor é uma ofensa aos badius.

Queria só te pedir isso.

Um abraço

Eileen Almeida Barbosa disse...

Salim: o que é que há no comentário que te faz afirmar não provir de um badiu? Qual o interesse de alguém se vir passar por badio, só para exprimir uma opinião? E por acaso, até já me viste, nos States, onde fui levar uma encomenda. Sou amiga do teu irmão e da tua mãe. Já passei uns dias no teu quarto, na Praia. Prova-me por A + B que esse anónimo não é badio, e eu retiro-o da discussão. Saudações paúlenses.

Anónimo disse...

Eileen,

Se realmente acreditas que o comentário é de um badiu, acho que não há mais nada que posso dizer-te.

Até porque, como dizes, posso sempre estar enganado na minha afirmação.

É tua a última palavra.

Fka dret

Anónimo disse...

Pelo visto o Marciano ainda não aprendeu a escrever o seu nome. Ora, como não deveriamos usar o C em criolo, significa que o Marciano vai passar a ser chamado como MARKIANO, e muito de nós vai ficar com o nome estrangerado, ou melhor aportuguesado, ou entao AKAPASADO.

Eileen Almeida Barbosa disse...

Salim, um pequeno remoque: deveria ser eu a afirmar que é a minha última palavra, não tu, certo? Fcá dred tb.

Benvindo Chantre Neves disse...

Olá,
Não vou comentar propriamente o teu post, que penso não ter nada demais. Apenas dou o meu ponto de vista com base em tudo aquilo que já li nestes comentários.
Estou na Praia há 5 anos, sempre esforcei por entender o meu interlocutor "nativo" e quando se trata de uma palavra que desconheço apresso-me em procurar conhecer o significado. Se eu for à Brava farei o mesmo, se for a S.Nicolau, farei o mesmo, se estiver em Santo Antão explicarei a quem não me entender. Sempre que aprendo um termo novo, seja de que variante for, sinto-me enriquecido e mais admiro a diversidade cultural do meu país.
Eu se vou à China? Não vou esperar que eles me entendam, ou que adaptem a mensagem deles à minha condição. Assim, quando estou numa outra ilha, procuro esforçar o máximo para entender tudo. É que estou no meu país e custa-me quando tenho que dizer a alguém "não te entendo".
Eu nunca discuto que variante é mais complicada, ou mais fácil. Isto será sempre relativo. Por exemplo, cá pra mim, a variante de Santo Antão é a que mais compreendo.
Acho que já é tempo de começarmos a pensar Cabo Verde verdadeiramente como um todo!

Um abraço
Benvindo

marciano moreira disse...

Boa tardi, Sinhorita Eileen! Nha afirma ma:

"o badiu é o crioulo que mais influência teve de outras línguas, é mais antigo, daí estar mais longe do português. Tem palavras "originais", que só existem em Santiago. O resto das ilhas, por já terem sido povoadas posteriormente, têm também um crioulo mais influenciado pelo português, na minha opinião. E, portanto, relativamente mais fácil."

Konven obi opinion di sientista sobri isu. Virtudis di un pesoa sta na substitui "eu penso" ku siensia. Nha odja kuze ki investigadora C.A. Duarte diskubri:

MITO (...): O CRIOULO DE BARLAVENTO É MAIS PRÓXIMO DO PORTUGUÊS

Um (...) mito largamente divulgado acerca do crioulo é que «os crioulos de Barlavento estão mais próximos do português». Também, a bem da verdade, tenciono explicar porquê que tais afirmações não são fundamentadas.

Primeiro, não conheço nenhum «estudo» que «prove que os crioulos de Barlavento mantiveram uma relação mais estreita com o português». Pelo contrário, todas as obras que eu pude consultar mostram que todas as variedades do crioulo de Cabo Verde evoluíram da mesma base.

Algumas pessoas se esquecem que o contributo da língua portuguesa no crioulo é o português do século XV, e não o português contemporâneo.

Por fim, algumas pessoas ao tentar procurar semelhanças entre os crioulos de Barlavento e o português, tomam como modelo o português europeu, e se esquecem que certas características do português europeu começaram a surgir a partir do século XVII, ou seja, depois do início da formação do crioulo.

Então qual é a origem desse mito?

1 – As vogais átonas [i] e [u] desaparecem frequentemente nos crioulos de Barlavento. Essa ausência de som pode ser facilmente confundida com a vogal [ɨ] do português europeu contemporâneo, que é pronunciada quase surda (êss’ [es] pode ser confundido com o português «esse» [ˈesɨ], fôm’ [fom] pode ser confundido com o português «fome» [ˈfɔmɨ]). No entanto, essa ausência de som não tem nenhuma relação com a vogal escrita «e» em português. (...).

2 – Enquanto que nos crioulos de Sotavento o som [v] do português está quase totalmente representado por [b] (bendê «vender»), em Barlavento está parcialmente representado por [v] (vendê). Trata-se de um fenómeno de ultracorrecção, ou seja, os falantes de crioulo ao serem confrontados com as formas do português com [v], «corrigiram» as formas do crioulo substituindo o [b] por [v]. A prova desse fenómeno de ultracorrecção é a existência de palavras em que o [b] foi substituído por [v], até quando em português nunca existiu [v]! (por ex.: gavá «gabar» em Santo Antão)

3 – Por falar em Santo Antão, o crioulo de Santo Antão (e por arrastão, o de São Vicente) sempre foi mais permeável a ultracorrecções. Isso pode ser verificado na substituição de palavras do crioulo por outras importadas do português. Por exemplo, dzê e falá substituíram flâ e papiâ («dizer» e «falar», respectivamente).

4 – Muitas pessoas identificam os crioulos de Barlavento com o crioulo de São Vicente. Não têm consciência que existem pequenas diferenças no seio de todos os crioulos de Barlavento, e que os crioulos de Santo Antão e São Vicente possuem características únicas que os afastam dos outros crioulos. Uma dessas características é algo que já mencionei, que é o modo como os sons [s] e [z] implosivos são pronunciados, que de facto são pronunciados como no português europeu contemporâneo (...), mas diferentemente dos outros crioulos, e sobretudo, diferentemente de como era pronunciado em português no século XV!

5 – É frequente os falantes com escolaridade intrometerem palavras ou até construções do português ao falar crioulo. Trata-se de um fenómeno de descrioulização, mas isso se manifesta em todos os crioulos, não existe nenhuma prova que esse fenómeno é mais forte nos crioulos de Barlavento.

Posto tudo isto, se todos os crioulos descendem de uma base comum que surgiu no século XV, como é possível os crioulos de Barlavento «terem mantido uma relação mais estreita» com o português europeu falado hoje? Trata-se de uma afirmação sem fundamento. A combinação de todos os fenómenos citados anteriormente pode ser interpretada como intromissões do português no crioulo, isto é, intromissão de uma língua estrangeira. No entanto, intromissão não significa relação mais estreita. O português do Brasil tem muitas palavras tiradas do inglês (checar, time, etc.), mas nem por isso está mais próximo do inglês! A língua portuguesa tem muitas palavras de origem árabe (alface, javali, etc.), mas nem por isso está mais próxima do árabe!

C. A. Duarte

marciano moreira disse...

Ben aja es blog Soncent ! Ku abertura di spiritu ki ta karateriza Sinhorita Eileen, nos tudu sa ta prende txeu ku kunpanheru atraves di es kantinhu. Li di riba Sinhor César Schofield Cardoso 1:38 faze konsiderasons interesantis. Na un lugar el afirma:

“Aceito que até possa haver uma pressão da ilha que tem, nada mais, nada menos que, 1/4 da população deste país, em fazer predominar a sua "Cultura", como se essa "Cultura" fosse uma coisa extraordinariamente diferente do resto das "Culturas".”

Sugundu Sensu 2000, ten so 2 ilha ki ten populason pa riba 15%: Santiagu ku 54,44% i Sanvisenti ku 15.45%. Si nu bai djobe ivoluson, nu ta atxa ma na kes otu sensu: Sanvisenti ten 14.07% na 1980, 15.02% na 1990; Santiagu ten 49.36% na 1980 i 51.45% na 1990.

Purtantu, N fika baralhadu ku afirmason di Sinhor Schofield – di ki ilha ki el sa ta papia?

Anónimo disse...

Olá Eileen.

Tiro o chapéu à tua paciência. "Dei-me" ao trabalho de ler todos - excepto o da "arte rupestre"(?), um tal marciano, não consegui passar da segunda linha - os comentários à questão do crioulo. Eu li o que escreveste e acredita que percebi à primeira onde querias chegar. Achei o teu post perfeitamente natural, nada preconceituoso. Só mentes tenebrosas podem pensar o contrário. Para mim, todas as variantes são gostosas - adoro o badiu fundo de Santa Catarina, o sotaque doce de Santo Antão, o "cantarolar" do Fogo, enfim...-, percebendo ou não às vezes certas expressões.

Se deixarmos de tretas bairristas, Cabo Verde será com certeza uma referência no mundo inteiro, pela sua riqueza na diversidade, não esquecendo nem renegando a língua portuguesa que também é nossa.

Beijinho grande.

Zé Afonso.

Eileen Almeida Barbosa disse...

Obrigada, Benvindo. E muito Obrigada, Zé! Pela tua paciência e palavras.

Anónimo disse...

Eileen,gosto da forma audaz como a colocas algumas questões, e não me parece que sejas uma bairrista ferrenha e perconceituosa, como muitos(as)que existem na nossa terra.
Acho também que defendes Soncent mas não de uma forma cega. Concordo também que a lingua portuguesa é importante e devemos valoriza-la cada vez mais. Porém, não concordo da forma menos cuidada quando te referes ao crioulo.
Num dos teus comentários respondes a alguém, dizendo: "Por mim, as coisas tal como estão estão bem: uso o Português ou os seus susbtantivos sempre que o assunto é mais sério e formal - e uso o crioulo para o dia-a-dia, com amigos, com tudo o que é mais familiar".
Com esse comentário podemos depreender, e ficamos com a impressão, de que, para ti, o crioulo não é uma lingua séria, talvés seja a nossa lingua de "brincadeira" .
Será que para assuntos sérios o crioulo não serve? Será o crioulo uma lingua menor, ou "algo" da nossa reminiscência escrava que não se desvaneceu com o progresso e a civilização.
Acho que devemos tomar muito cuidado com essa forma de pensar, pois essas hierarquias podem tomar formas perversas na mente de muita gente remetendo o nosso crioulo para um segundo plano: a de inferioridade.
Já basta a atitude e impetuosidades coloniais relativamente à lingua dos colonizados. A nossa atitude deverá ser mais cuidada de forma a valorizar também essa componente que também é nossa, e que está impregnada nosso olhar, sentir, dizer, e expressar que é a lingua ou linguas crioulas.
Para mim, o crioulo é uma lingua tão séria quanto o português.
Por outro lado, os nossos crioulos, porque não é só o criolo da Santiago e de São Vicente que existe, devem ser valorizados. Há outros crioulos na nossa terra tão belos também de apreciar e de estudar.
De quaquer forma foi bom esse assunto ter vindo à baila...
O teu blog é útil à nação!

Eileen Almeida Barbosa disse...

Ao Anónimo das 7h04pm: O crioulo não é uma língua de brincadeiras, tanto é que há quem a use uma vida inteira. Mas o que eu e amigos meus nos demos conta foi de que se queremos enveredar para uma conversa mais s´seria, o próprio crioulo fica curto e vamos pedir palavras emprestadas ao português. Como é que se fala em Economia de mercado, inflação, galáxias, em crioulo? A construção da conversa continua a ser em crioulo, mas as palavras vêm directamente do português, ou alguém vai-me dizer que estas palavras são já do crioulo?
Economia de plurim? náaa

Anónimo disse...

simples eileen, muito simples

analisando com calma o criolo, podemos ver que afinal existem regras em criolo. é só observa-las.
em português (e mtos outras linguas tb) usa-se software e hardware, também foram importadas.
é inevitável busca de palávras do português como o portguês o faz a outras linguas. e na prática não é razão para 2 criolos não estudarem juntos e partiharem o que sabem em criolo.

conheço pessoas, que sabendo bem do assunto claro, dão aulas (explicações) de derivas e integrais inteiramente em criolo.

Anónimo disse...

O crioulo foi e é uma lingua franca,uma lingua que foi forjada através do encontro entre colonos e escravos africanos. O resultado foi uma fusão linguistica para tornar possivel a comunicação entre esses dois grupos. Portanto, o uso do termo "Economia de mercado", ou qualquer outro empréstimo ao português, ou mesmo ao inglês - o que é algo muito comum no nosso Mindelo como: "boys", "man","baby", "thanks" - já fazem parte do nosso léxico crioulo, ou não? A apropriação lingusitica é algo normal, e acontece em todas as linguas, até porque, veja bem, no português contemporâneo utiliza-se o termo "performance" que vem do inglês - ou "bué" emprestado ao contexto angolano - mas nem por isso a lingua portuguesa deixa de ser "curta". Não faças uma análise estanque das linguas porque todas fazem emprestimos e não deixam de ser elas mesmas. Em suma, as linguas são fluidas e dinâmicas, nunca vedados. Ora bem,então, se "Economia do mercado" faz parte da nosso léxico, assim como "Bom dia","galáxia", "boys", "man" etc., etc. não estou a ver nenhuma conversa crioula menos séria, ou mais séria por se fazer uma inflexão ao português. O que acontece é que querendo ou não, uma boa fracção dos cabo-verdianos têm a ideia de que: o crioulo não é uma lingua; é um dialecto; é um português mal falado (pergunta-se então se o português é latim mal falado?)etc., etc. Daí muitas vezes cunharem a lingua, ou linguas crioulas como "menores", "insignificantes", para não dizer outras coisas...
Como tu sabes perfeitamente a concepção crioula mindelense de "plurim" não é essa do antro academico que queres apresentar, por isso, não faz sentido dizer "Economia de plurim". E claro, o crioulo, não é uma lingua oficial, os parâmetros para balizar seu uso nunca foi estipulado, daí o consequente uso e abuso à-vontade de emprestimos, a outras linguas. É de notar que as palavras emprestadas acabam por se tornarem nossos também, e usados normamente nos nosso quotidiano. Se seguirmos a tua "lógica de emprestimos" veremos que, então, o português é uma "lingua curta", pois foi buscar a palavra economia ao latim "oeconomia", ou ao grego oikonomía(governo de casa)e mercado ao latim "mercatu", e transformou-os em economia e mercado.
Portanto, o que tu e os teus amigos falam normalmente é o crioulo, e não um crioulo com desvios pontuais ao português.

Eileen Almeida Barbosa disse...

I rest my case.

Anónimo disse...

Ok.

Anónimo disse...

Boa tardi, Sinhorita Eileen! Tudu es dialugu interesanti ben di uzu di lingua kabu-verdianu na avion. Ora, es uzu sta di akordu ku lei aprovadu pa nos Guvernu. Pruvavelmenti txeu algen ka konxe es lei ki ta da-nu direitu di uza nos lingua na kuazi tudu kau dentu nos tera. Nhos odja xtratus mas pertinenti di es lei:

RESOLUÇÃO nº 48/2005, de 14 de Novembro: Estratégia de afirmação e valorização da língua caboverdiana:
(...)
6. Na Administração Pública, na comunicação social, na literatura, nas artes, bem como nos actos públicos e/ou oficiais, a utilização é livre.
7. Nas aeronaves, deve-se encorajar o uso da língua caboverdiana, na variante em que o locutor/locutora é competente.
(...)
13. Havendo, neste momento, um único alfabeto sistematizado para a escrita da língua caboverdiana (o ALUPEC), a sua utilização constituirá uma mais valia no patrocínio às criações artísticas. Porém, quaisquer outros modelos de escrita, desde que apresentados de forma sistematizada, constituem também valências na concretização dos patrocínios.
(...)
15. As recolhas da tradição oral, do léxico e das festas de romaria, feitas em Caboverdiano e com nível para publicação, podem contar com o patrocínio do Departamento governamental responsável pela área da Cultura. A utilização de um modelo de escrita sistematizada afigura-se uma mais valia. A realização de vídeos sobre as festas tradicionais podem também contar com patrocínios do Governo.
16. A produção ou exibição de peças de teatro em língua caboverdiana devem ser tidas em conta na atribuição de patrocínios por parte do Governo.

Kenha ki kre + ditalhis sobri es lei, pode bai pa http://alupec.kauberdi.org/resolucao-48-2005.html

Eileen Almeida Barbosa disse...

Obrigada, Sr. Marsianu, pa ess importante contribuição. Mi, por acaso, un ca sabia que coisas já tava assim tão evoluid.

Unknown disse...

Vejo que o assunto deu pra várias discussões...

Bem quanto ao bairrismo...enfim o regionalismo há em todo lado...Norte /Sul tem quase sempre tendência a ter algum regionalismo..em Portugal existe isso...Porto/Lisboa..em Angola tb...e com certeza em muitos outros países...
Não temos de ser todos iguais...mas é tendência a puxar a brasa pra sua sardinha..

Com certeza que se fosse imposto o crioulo de S.V. ou por exemplo Fogo..ou seja la o que for...ia haver a mesma discussão...

Facto é que todos os crioulos de C.V. quanto mais puros mais difíceis são...

Eu nasci em S.A. fui pra S.V. e vivi la uns anos e cresci na Cidade da Praia..e eu não entendo o crioulo do interior bem...falam muito depressa..tem expressões muito próprias que eu necessito de legendas sempre...o de S.V. tb é complicado..posso perceber de forma superficial..mas tudo tem uma conotação diferente..nunca se sabe bem o que querem dizer..só com algum tempo de prática e contacto pra se perceber a conotação...e depois sempre o tom de brincadeira..confunde e muito..o de S.A. tem expressões características tb... e eu tenho influência dessas 3 ilhas...

Agora imaginem quanto a um crioulo de Fogo!!!!

Provavelmente os crioulos que andam ali no meio de Barlavento e Sotavento é Sal e Boa Vista...tem um sotaque ali no meio...os sons tb...

Anónimo disse...

Hello é a 2ª vez que vi o teu blog e gostei imenso!Espectacular Trabalho!
Adeus

Anónimo disse...

Hello. And Bye.

Anónimo disse...

Bem, eu nao vivo no pais e nao sabia se as coisas estavam nesse pe, assim um tanto ou quanto feias. Eu considero-me um caboverdiano, nao um cidadao de Santiago ou de Sao vicente, mas pelo que li de parte a parte neste blog talvez como eu nao hajam muitos. Tambem nao creio que a coisa vai avante com imposicoes de um crioulo ou cultura de uma ilha à outra. Isso seria um erro fatal e so iria criar mais divisoes dentro de Cabo Verde e as coisas acabariam muito mal. As micro-culturas de cada ilha devem ser respeitadas. Cada um deve falar o seu crioulo, ninguem deve falar o crioulo dos outros. O Objectivo deve ser minimizar as diferencas dos diferentes crioulos / micro-culturas e nao impor o crioulo/cultura de uma ilha à outra, o que acabaria, na pior das hipotises na desfragmentacao de Cabo Verde.