Soncent

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terça-feira, 16 de setembro de 2008

D. Fúlvia em discurso directo

Deixa escrever palavras mágicas. Deixa engendrar um enredo novo, para sermos os actores, felizes personagens. Deixa inventar muita risada, muita cumplicidade. Deixa desenhar muita sintonia. E depois, deixa comparar com o que temos. Ou não me deixa não. Deixa ficar a história, hoje.

Vamos fingir que somos os dois, actores, vamos interpretar nossos papéis. É fácil, olha: nós nos amámos. É. A gente se ama muito e vai ficar junto. Mais, a gente é apaixonada e não tem grilo nenhum, tá ouvindo? É. Seu papel começa assim: você me beija. E eu faço ah!, que beijo gostoso. Aí é só pegar o jeito, tá vendo? Aí, você me beija o pescoço, me aperta o braço. E me diz, no ouvido “Cê ta gostosa” e “Adoro seu cheiro!” e eu nem falo nada, para não estragar a magia. Só faço uns unh e anhs, e aperto suas costas e passo a mão na sua cabeça bem feita. E penso cá dentro “Amo tanto este homem!” e isso se vê nos meus olhos e na minha boca quando a gente se beija.

(D. Fúlvia é argentina, mas viveu metade da vida em Boston. Gosta de rosmaninho e da Buraca, onde conheceu um senhor simpático, que a chamava de "Criola de oi azul". É correspondente em Búzios.)

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