Soncent

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segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

Liga-me e combinamos.

De uns tempos para cá, vou notando um fenómeno engraçado - tento combinar alguma coisa com alguém - uma saída, um jogo, um encontro para um café - e dizem-me "Depois liga-me e combinamos."

E eu saio do meu corpo, distancio-me 6 metros para ver a cena e sorrio, irónica: estamos frente a frente, mas o comparsa quer combinar a cena por telefone... Às mais das vezes, é um encontro que se dará no dia seguinte. Ou até, mais logo, à tardinha.

Eu, que poupo os meus tostões com telemóvel, acho isso ridículo. Mas tenho uma teoria. Acho que tem a ver com o medo do compromisso. As pessoas querem adiar o máximo possível o momento de dizerem "OK. Estarei lá a tal horas." E por telefone, fica sempre mais fácil dizer "Afinal não posso..."

7 comentários:

Benvindo Chantre Neves disse...

Interessante este reparo! Nesta mesma linha da "telemania" tenho verificado um outro fenómeno: o móvel está quase sempre ligado, seja em que ocasião for, e quando está a chamar, a pressa para o atender é impressionante. Se o aparelho estiver afastado do dono, então, a correria é estonteante para se chegar a ele. E fico a pensar: - "caramba, e se houvesse igual zelo por parte do interlocutor quando estamos a conversar com ele em presença?" Sem dúvida que todos seríamos bons conversadores e, acima de tudo, bons ouvintes.

Um abraço
benvindo

Kafuka disse...

Ora nem mais...é deixar uma porta aberta para ter a opção de depois dizer que afinal já não pode ir.
Portanto, quando queremos combinar algo para o próprio dia à noite ou logo no dia seguinte, e mesmo assim o indivíduo usa a deixa "Liga-me e combinamos" é no mínimo um mau sinal. Provavelmente é uma forma de ganhar tempo para sacar de uma desculpa qualquer.
Há dois caminhos a seguir, ou telefonamos e recebemos a desculpa, ou não telefonamos e ele depois diz, "Fiquei à espera mas como não disseste nada...."...enfim...como vai tudo dar ao mesmo, se calhar é melhor poupar o saldo e ouvir a segunda...

Anónimo disse...

Oi gentes do blog. Lembro-me de que só aderi ao telemóvel quando já não podia fazer mais porque de todas as pessoas que conheço apenas restava eu e um amigo. Eu e esse amigo continuávamos a usar o telefone fixo e garanto-vos que funcionava para todo o género de combinações. E gastávamos muito menos dinheiro. Mas, no seguimento das cenas desagradáveis à volta dos ditos aparelhos de descomunicação, nada como, que não acredito que não vos tenha já acontecido, estarmos num café ou restaurante com alguém e essa pessoa recebe uma chamada, atende e... (ribombam os tambores) NÓS FICAMOS COMPLETAMENTE SOZINHOS! É ou não é agradável?

Eileen Almeida Barbosa disse...

Sim, sim, é isso mesmo, (para vocês todos.) E quando perdemos o móvel, ou o deixamos em casa? Não nos sentimos perdidos, preocupados porque nos podem telefonar e não poderemos atender? Eu já o perdi uma série de vezes e sinto-me desorientada nos dois ou três primeiros dias. Depois descanso, desabituo-me do bicho. E é tal como diz o Tiago, é como se os telefonemas tê prioridade sobre quem está presente, fisicamente. Porque será?

Anónimo disse...

É a grande confusão entre Quantidade e Qualidade! Digo eu. Invariavelmente a primeira leva a melhor sobre a segunda. A história do mais vale um pássaro na mão do que dois a voar são águas passadas. O que se vê é: mais vale a emoção da simples hipótese de dois pássaros na mão do que o gozo e prazer daquele que temos. A eterna insatisfação também ajuda a perceber porque é que isto sucede. Digo eu.

Eileen Almeida Barbosa disse...

Dizes e dizes com carisma, Tiago. Mas também digo, em jeito de remate: essas coisinhas dão um jeito danado! Para combinar coisas em cima da hora, são óptimas, para pedir socorro... para acordar somente uma pessoa numa casa com várias...

Nelson disse...

Na minha terra isso quer dizer que não vai rolar... "Me liga depois" é dizer que: se você quiser mesmo, de verdade, se quiser muito, me liga e quem sabe me disponho a sair contigo.
Mas em geral, "me liga e a gente conbina" quer dizer que não vai dar.