Soncent

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segunda-feira, 30 de junho de 2008

Sopa de pedra

O calor aperta na ilha do Monte Cara. As autoridades discutem a conveniência de se mandar fazer uns óculos escuros para o Monte Cara, a serem confeccionados pela Padaria Rosa Moto-Bike, que conta com uma longa experiência na área de fundição de metais, fundição de fibra de vidro e pão de forma sabor ferroso.

Na Laginha, as toalhas estendidas aumentam as cores garridas, à medida que o tecido original Lycra vai diminuindo nas polpas das crioulas, fruto de muito cross no ano inteiro anterior ao verão que vem chegando com nuvens a encobrirem o céu na cidade, e a descobrirem o céu das praias para onde se gasta gasolina.

A gasolina subiu. O gasóleo também. Vou mandar dar um lustro na minha bicicleta montanha com amortecedores à frente e atrás.

O Monte Cara afirma querer uns óculos de resina cor-de-rosa, a associação dos Marítimos de Cabo verde ofereceu-se para pagar os parafusos - cada um custará uma pequena fortuna, tendo em conta a dimensão, e a Estée Lauder está em guerra aberta com a Sonae e a Avon, todas querendo fornecer o protector solar factor 45.6, para proteger a delicada camada cutânea do nosso eterno prescutador do céu.

E o batom de cieiro, quem patrocinará?

O Monte Verde, verde de inveja, pede que lhe seja concedida também uma operação de estética, nomeadamente para o tornar mais verde, desta vez com menos inveja e mais clorofila.

O Monte Gud, por sua vez, manda convocar a imprensa para declarar que dispensa o protector solar, mas amanhava-se bem com menos lixo. Na altura em que os outros montes elevam a sua voz, a imprensa já não lhes dá ouvidos porque a opinião pública se centra agora no estrangeiro: como pode o Zimbabué estar assim?

5 comentários:

Xana disse...

Muito bom este texto!

Eileen Almeida Barbosa disse...

Muito obrigada, Xana! Fica bem!

Xana disse...

Olá Eileen! Vou de férias para Soncent no dia 11, vais estar por aí? Gostava de conhecer em pessoa a criadora destes textos tão interessantes.
Beijokas,
Xana

Anónimo disse...

Ontem quis deixar um comentário sobre este texto, não consegui. Avessa às novas tecnologias?!

Acabei de lê-lo e exclamei: Poça, Eileen, bem escrito! Será coisa de mãe? Acho que não! Sei separar as águas, creio eu.
Beijos

Mamã Lena

Eileen Almeida Barbosa disse...

Mãe, dizem que as tecnologias não querem saber de ninguém com mais de 40 anos.. hehehe Obrigada pela persistência e pelo elogio.
Bjs!