Tive sempre muito muito orgulho em ser cabo-verdiana, em ser de um país que apesar de muito pequeno, me fez pensar sempre que era livre, que não era discriminada por ser mulher, por ser preta.
Acreditei sempre que existe liberdade e acreditei sempre que crescia num país laico, o que para mim é muito importante - pois sou ateísta desde os 13 anos.
Falo de exemplos recentes como a introdução da disciplina Moral e Religião no ensino público e da concessão de tolerância de ponto pelo falecimento de uma alta entidade católica, que sequer estava no exercício das suas funções.
Tal como recordou uma amiga minha, será que houve tolerância aquando do falecimento dos ex-presidentes da república? Não nos parece.
Eu sou ateísta, sim, mas outros são nazarenos ou testemunhas de Jeová. Mas todos enviamos as nossas crianças para as mesmas escolas, onde vão para serem ensinadas e não doutrinadas em religião. Principalmente, numa única religião, escolhida por quem? Porquê continuar a insistir que a moral e a religião andam de mãos juntas? Então eu, que sou ateísta, não tenho moral? Não tenho ética? Se formos a ver, historicamente, há mais crimes praticados em nome das religiões do que por quaisquer ateus. Os ateus tendem a ser pessoas que valorizam o racional, a reflexão sobre os assuntos. O meio termo.
Considero ser um passo atrás na nossa história estarmos a introduzir de novo esses temas de religião no ensino público.
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