Soncent

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segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

Amistad


Na Sexta-feira havia um barco fantasma no Baía do Porto Grande. Um barco preto, cheio de mastros, parecido com os de piratas. Para adensar o mistério, havia uma névoa sobre o mar. Spookie!

No Sábado, fiz seis anos e quando estavámos num pub irlandês a comer uma fatia de bolo, decidimos oferecer aos três "velhotes" da mesa vizinha uma fatia do bolo. Eles aceitaram, todos sorridentes e metemos conversa com uma senhora "afroamerican". Guess what? Eram do navio Amistad, que está a fazer um tour e que vinha da Serra Leoa. Para nos fazermos convidados, oferecemos também pastéis, rissóis e crocretes e no dia seguinte, lá estavámos na marina, para descer ao bote e ir visitar esta réplica do La Amistad, o barco que ficou na história dos Estados Unidos e da abolição da escravatura em geral.

Explicaram-nos toda a história e tivemos a honra de sermos os únicos visitantes cá de Soncent. Depois fui ler mais um bocadinho sobre o caso e neste momento, sinto-me uma mini-amistad-expert. hahaha

Uma das curiosidades é que na altura em que se construía esta réplica, o Spielberg estava a recolher dados para fazer o filme, pelo que houve uma pequena corrida a ver se o barco ficava pronto para ser usado no filme. Não tendo sido possível, o realizador usou outro, mas tão parecido que no filme não se conseguem distinguir as diferenças.

Outra curiosidade: o barco é comandado por uma mulher dos seus cinquenta ou sessenta, muito simpática, a Eliza, bonita, com cabelo comprido natural - o que quer dizer não pintado, com muitas brancas, e alguma, pouca, barba.

A cozinheira, a tal afroamericana, explicou-nos que uma das missões desta travessia é fazer as pessoas falar do racismo, dos mitos que ainda existem e dos tabus. Fiquei sem lhes dizer que a única vez em que senti raiva do branco foi exactamente ao ver a cena do filme Amistad, em que os negros foram lançados borda fora amarrados a correntes e a lastros, porque o navio estava muito pesado. Foi-nos dito que esses episódios aconteciam muitas vezes. Os negros vinham acorrentados uns aos outros. Se um deles adoecia, em vez de o curarem, mandavam o "pacote" de pessoas que estivesse acorrentatdo a ele borda fora.

Se vissem que iam ser abordados e tinham "carga ilegal", iam mais uns quantos para o mar.

O homem da foto é o Ben, o engenheiro de máquinas do navio.

Quem quiser saber mais pode ir ao site, em http://amistadamerica.org/

1 comentário:

Anónimo disse...

O filme do mesmo nome é muito interessante para se fazer uma ideia dos escravos durante a viagem no porão... e que dá um nó no estômago.