Soncent

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quinta-feira, 8 de maio de 2008

Piquenique



Este contito está em Eileenístico. É o preferido da Nádia. Também gosto muito dele. A verdade é que nunca fiz este telefonema. Mas sei que teria sido exactamente assim, se o tivesse feito.

E telefonei-te. E convidei-te logo, sem te dar tempo de falar, para um piquenique no próximo sábado, à tarde. E tu rugiste “Um piquenique?!!” Tremi um bocadinho, miei “Um piquenique, sim! Queres ou não?” e tu ainda com voz de mau, “Quem é que vai?” e eu numa vozinha muito fina sibilei que “Só nós”, e tu voltando à carga, rosnaste “Sim, mas nós quem?” e eu com voz forte outra vez, “Nós os dois, poça!” e tu naquela voz grossa, bradaste “Estás é louca!” e o barulho que não ouviste foi do meu coração a partir-se mais uma vez.

E pronto. Tenho um cesto de palha com enfeites de flores, tal e qual um que me deram quando tinha seis anos. E tenho umas sandes de carnes frias, uma tarte que eu própria fiz mas que miraculosamente ficou tão boa. E três garrafas de sumo de frutas. E há biscoitos também, e um pedaço de bolo que sobrou do aniversário da minha avó. Um banquete!

E meti dentro do cesto uma toalha grande e guardanapos de papel e esperanças loucas de que finalmente nós nos acertássemos. Que dialogássemos sem brigas, sem gritos, que ríssemos juntos, talvez até tomássemos banho naquela nascente, que brincássemos e...
Tanta coisa deitaste por água abaixo! Depois de desligares, continuei com o telefone na mão, mais impotente que nunca, pensando no vestido tão bonito que afinal não uso, na tarte que não me apetece comer, no penteado que pensava fazer. E choro aqui sentada, à espera que me passe este amor todo a que não sei o que fazer.

2 comentários:

Xana disse...

Também o considero um dos melhores. Eu costumo avaliar toda a "escrita" pela intensidade do aperto que me produz no estômago.

Beijinhos

Eileen Almeida Barbosa disse...

Obrigada, Xana! Este do aperto no estômago, não conheci, mas às vezes sinto um no peito. Em romances doídos.