Soncent

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quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Boneco triste



À luz dos factos,                                                  

Madame,

Sou a prever que o sol

Se ponha bem cedo

E que a noite caia assaz fria.



Os seus olhos tombarão

Mecambúzios,

Sobre as luas de Saturno

E poderá constatar,

Madame,

Que entre azuis e brancos

Existem, por seu turno,

Amores possíveis,

Desejos viáveis,

Almas esquecidas.



Madame!



Sou a dizer-vos adeus

Quando a minha dor é tamanha mas una

Quando me despedaça em migalhas

Os meus azulejos fúlvios



Sou enfim, pobre e triste

Um boneco nas suas mãos

 quem acena e repudia,

A quem esgana e anuncia

O seu fim para lá de trágico.



18 de Janeiro de 2012

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