Fui uma aluna de vintes, de dezanoves, de dezoitos mas à primeira negativa, perguntaram-me se o que queria era ficar em Cabo Verde a atrabalhar atrás de um balcão.
Não ficaram satisfeitos, que desperdício - disseram - quando optei por estudar Turismo e Marketing. Era tão pouco para mim, que fora tão boa aluna e estudara Matemática e Física e agora ia estudar Turismo!!?
E quando regressei do curso, sem nenhuma reprovação, sem sequer ter posto os pés numa sala de exame, que pressão que me fizeram para arranjar logo trabalho, para não perder tempo nenhum a descansar, a aproveitar que só tinha 22 anos. Olha que o mercado não está fácil.
E quando, depois de ter trabalhado alguns aninhos, me vi numa empresa que não ia a lado nenhum, para onde eu ia sentar-me durante oito horas sem que me fosse pedido ou dado nada para fazer, me vim embora, as vozes que me disseram que não se abandona um emprego sem ter outro. Que ideia!
E durante esse período no desemprego, em que trabalhei como guia turístico, em que participei num concurso literário e o venci, em que fiz traduções e pensei na vida, mas enquanto o fazia, lá me sustentava sem pedir tostão a ninguém, na mesma me vieram perguntar qual era a minha ideia e se não pretendia arranjar um trabalho e até quando ia continuar nessa vidinha.
E quando depois de outras experiências válidas, me convidam para uma função que encaixava imensamente bem na escolha do curso, que era uma experiência interessantíssima, exigente, quantos se irritaram por eu estar a ganhar dinheiro.
E quando, ganhando muito menos dinheiro, ocupei uma posição de apoio ao Governo, eis que mais se incomodam, se revoltam, porque estou do lado mau, estou do lado dos que têm poder e já não posso mandar bocas e já não posso criticar.
Pois...
2 comentários:
Olá Eilen, adorei o teu site, mas mais ainda este post. Eu costumo dizer que muitas vezes nos fazem mal, com o bem que nos querem, mas não ha limites na boca do povo. Que dizer? Realidades da vida?
LOL. Boca de caboverdiano. Enfim... é ter paciência!
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