Ontem decidi de uma hora para a outra, já até passava das oito e meia, que ia ao cinema. Fui de corrida, sem tomar banho ou pôr batom, e chegando lá, os bilhetes já se tinham esgotado. Mas por sorte, um casal tinha desistido e venderam-me um bilhete.
Entrei na sala já com o filme razoavelmente avançado, a ponto de ter que me sentar nas escadas, pois não ficava bem ir incomodar as pessoas no meio de uma cena de tiros, para chegar à última cadeira que estava livre.
Lá comecei a adivinhar o que teria acontecido desde o início do filme, com base no que estava a acontecer e no que já tinha visto no trailer.
No intervalo, muitas pessoas levantaram-se, e eu também me levantei, pronta para ir ocupar uma cadeira vaga quando me apercebi que, em vez de as pessoas saírem para irem comprar bebidas ou pipocas, elas se estavam amontoando junto à tela. Vinte e tal rapazes e raparigas ficaram lá de pé, viradas para nós, depois rapidamente arrumaram-se, formando um triângulo que podia ser percebido como um coração e começaram a cantar "Bo ê cosa mais linda".
Eu pus-me a olhar à volta, a tentar descobrir a quem era dirigida esta homenagem. Depois de um bocado de música, um dos rapazes, vestido com uma camisola de gola alta lilás e uns jeans, saiu do meio do grupo, pôs-se de joelhos e com uma mão estendida em direcção a uma menina pequenina de afro, disse-lhe "Bo ta ranjá ma mim?"
Toda a gente dentro do cinema lotado começou a dar palmas mas antes que a moça respondesse, o filme começou a dar outra vez e os rapazes e raparigas tiveram de correr para os seus lugares porque não nos deixavam ver as legendas.
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