Na noite de anteontem para ontem, sonhei que estava em São
Vicente. Ia haver uma festa de arromba, uma festa louca, com música ao vivo,
mas meio secretista, em que era preciso isto e aquilo para se conseguir um
bilhete e eram caros. Lembro-me de estar no Salão Gia (que já nem existe) a
convencer as funcionárias que eu merecia comprar um bilhete.
A festa em si
acedia-se através de uns corredores mafiosos perto do Stopper, aquela
pastelaria que fica perto do Palácio do Povo. Estava muito boa e por
alguma razão, o mote era que o homem que agarrasse na mão de uma mulher podia
beijá-la e se quisessem ir mais longe, pois, porque não, de maneira que os
homens andavam que nem loucos a agarrar nas mãos de uma, para depois a soltarem
e irem agarrar na mão de outra e as mulheres punham-se a jeito para este ou
para aquele, e havia-os bonitos, um em particular de cabelos pretos luzidios e
olhos azuis...
Às tantas já havia vários casais pelos cantos e por alguma
razão, nós os dois demos de nos beijar e não imaginas o bom que foi,
beijámo-nos imenso e a tua boca nem sabia a cigarro nem nada, fresca como uma
nascente de água com um toque de mentol.
Andámos a festa toda de mãos dadas, divertidos, olhando para
o que mais acontecia, espreitando através de umas cortinas absolutamente
barrocas, aliás, a mobília era toda ela palaciana, muito rica em brocados,
havia salas de tectos altíssimos, pintadas de azul, e havia dois terraços, a
noite, fresquinha, a música, diferente, berrada mas estranhamente insinuante.
As bebidas serviam-se em copos altos, brilhavam as suas cores vermelhas, verdes
e azuis, mas tu mantinhas uma cerveja na mão e eu, acho que nem bebi.
E pronto, lá acordei
e passei o dia a pensar em ti.
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