Um muito velhinho...
“Mandou-me entrar sem perguntar ao que ía. Foi buscar duas chávenas de café, acomodei-me no sofá, ela encavalitou-se na cadeira de balanço. Num suceder de idas e vindas, contou-me a infância, os estudos, os amores e desamores, os carros, as empregadas, os empregos, tintim por tintim, meteu-me com a vida dela, eu ali de olhos fixos ora nos seus seios, ora nas pernas e depois pelos quadros na parede, até que se calou, assoou-se e disse que emprego era meu, encarregou-me de lavar as chávenas, e foi-se deitar de novo, “Estou com uma gripe danada!”, eu ali a lavar chávenas, a tipa a espirrar, encontrei chá no armário e levei-lhe uma xícara, agradeceu-me e pediu-me que ficasse ali com ela, segurou-me nas mãos e adormeceu, deixei-a ali e fui para casa, no bilhete que deixei, “Volto amanhã às sete.” E agora você vem-me dizer que ela está morta? Desde quando é que se morre de gripe?
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