Soncent

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segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Gil

Vocês tinham que ver a minha atitude toda snob, quando vi que estavam a montar o palco para o espectáculo do Gil Semedo. Não sei porquê, estava embirrada, e nome do CD - Cabo Pop - não me inspirava nada. Mas como consegui um bilhete, decidi que iria passar por lá. Afinal, nunca vira o Gil a actuar.


Fui-me encontrar com umas amigas estrangeiras, e falei-lhes no concerto. Ficaram mais interessadas quando lhes mencionei o acidente e consequente remoção do membro inferior. Umas macabras é o que vocês são, disse-lhes em inglês, sem conseguir encontrar a palavra macabra, e portanto inventando uma série de sinónimos aproximados.
Quando fomos ao MindelHotel, já os bilhetes estavam esgotados e eu começava a estar com uma verdadeira vontade de entrar, de maneira que lhes prometi que estaria lá uns quarenta minutos e depois iria ter com elas outra vez. Mas não fazia ideia...


Havia gente, muita gente, e o Gil estava muito bem acompanhado em termos de músicos e coro e quando dei por mim, estava a dançar, com os braços para o alto, cantando também músicas de que me tinha esquecido, outras que sempre me agradaram. Os momentos mais parados foram mesmo os das músicas agora recentes, que ainda não conhecíamos. Um show muito bom, que agradou a toda a gente, parece-me.
Nota negativa: o guitarrista Johnny, a fumar no palco... não fica nada bem a "celebridades", pessoas influentes ou com visibilidade, que estejam a dar este tipo de exemplos...

10 comentários:

Unknown disse...

Eileen, continua a existir um certo preconceito nalguma elite mais ou menos intelectualizada, ligada ou não ao meio musical, de que o pessoal que faz o zouke são uma cambada de indivíduos pré-históricos que não entendem nada de música. Não é verdade. Há excelentes músicos, compositores (bem, letristas,nem tanto!) e instrumentistas a fazer esse tipo de música.

E no dia em que tivermos a noção do privilégio que é poder estar numa discoteca a noite inteira a dançar música cantada na nossa língua, talvez deixemos de torcer tanto o nariz para algo que mal conhecemos.

Um dia escreverei, de forma mais consistente, sobre este assunto.

Abraço Fraterno

Eileen Almeida Barbosa disse...

É verdade que existe essa atitude, João e há uma outra verdade: o nosso zouk é muito ouvido pelas gentes da África lusófona, muitas vezes mais que as suas próprias músicas. Há muito bons músicos mas há também muitos que parecem meter alguns acordes numa máquina e tirar um zouk na outra extremidade... hehehe
Outra abraço para ti!

Anónimo disse...

em palco ou fora dele, fumar nunca é um bom exemplo...

Eileen Almeida Barbosa disse...

É verdade, Dudão, mas toda a gente olha para o palco com a atitude de admiração e imitação...

Anónimo disse...

E a Cesária nao é um mau exemplo quando fuma em palco?

Anónimo disse...

Eileen,

Sabes que o que a malta dessa minha Holanda toca e arranja musicalmente não é Zouk. Alguem o intitulou de zouk mas não é. ë uma nova koladera inspirada no que o Luis Morais tocava nos anos 60 misturado com o Coladance que os Cabo Verde Show do Manou(nao Manu) Lima tocavam nos finais dos anos 70 adicionado com o disco dos anos 80. Somente os instrumentos electrónicos que essa malta usa ten os mesmos sons dos do famoso Kassave que é o sumum do Zouk de Guadaloupe. A música do Gil e dos Splash é misturado no mesmo estúdio parisiense onde tb os Kassave misturam a sua música. Mas também pelo facto de quase todas as músicas das culturas crioulas neste atlantico são todas tocadas na clave Bambula incluido a morna. Essa clave encontra-se na cadencia do cavaquinho na Morna, no Cowbel ou triangulo do Funana, na viola da mazurka etc. Deste modo quase todos os generos musicais desde de Angola até Senegal e atravessando o Atlantico desde o Brasil passando pelas Antilhas e Cuba até Sint Louis nos EUA encontramos músicas que facilmente se fudem por causa da cadencia comum da clave do Babula que foi música em tempos proibida nos Estados Unidos.

Ora o caso do Johnny que é um dos meus amigos de peito e um dos grandes virtuosos da guitarra e um génio nas suas inspirações melódicas e compositor dos Splash e muito mais, nao fuma quando convive com as pessoas mas em palco nao sabe tocar nem pode concentrar e inspirar sem o seu venenoso cigarro. Até porque fica inquieto e panico quando não pode fumar durante um espectaculo. Ele o sabe e voces nao sao os primeiros que ja o criticaram, com isso. Mas nao é a unica vedeta do nosso cenario musical que fuma no Palco.
Há cerca de tres anos a nossa Cize acendeu o seu cigarro durante um espectaculo numa sala onde era estritamente proibido fumar. Alem disso ela abriu uma garrafa de whisky e bebeu varios calices num curto espaço de tempo.

Sera que devemos ser sempre exemplos para a sociedade quando somos artistas ou pessoas públicas? Duvido! Nao fumo e se beber nao ultrapassa um trago de um bom vinho durante uma refeicao e todos os Johnny's meus amigos fumadores sabem que na minha frente nem devem pensar em fumar. Mas isso nao significa que devo ser moralista quanto a postura de pessoas publicas que sao tao normais ou pecadores como eu.

Quanto a musica Pop que os jovens na diaspora desenvolvem considero-o muitas vezes muito mais rica do que a repeticao de muitos dos nosso musicos tradicionalistas nas ilhas que nao criam em nada. Nem tudo deve ser tradicional, classico, folclorico, virtuoso, lirico e respitando regras elitistas da composição e dos autores das letras. Ha espa♪5o para tudo e para todos os gostos. e nada e ninguem é melhor do que o outro quando o outro produz uma outra especie de producto ou esteja desenvolvendo uma arte ou artesanato num outro parametro e num outro sector difinidoi ou não. E sei que muito desses Jovens como o Johnny domina a morna ou outros generos tradicionais e folcloricos por vezes melhor do que muitos saudosistas que por ai andam andam a desconversar e a criticar malisiosamente a arte e as obras desses que mantem a chama da musica pop caboverdiana acesa em toda africa lusitania na diaspora da Europa e dos Estados Unidos e conquistam de mais a mais outros publicos e outros horizontes em terras nunca dantes invandoidas pela cultura cabo-verdiana que esta seja da diaspora ou nao. Sao dos poucos profissionais que eu conheço e que vivem somente da musica e que souberam impor o seu proprio estilo sem no entanto sairem para alem das margens dos generos ja existentes nas ilhas e da tradição musical cabo-verdeana mas criando novas fronteiras riquissimas da nossa cabo-verdianidade. No fim e ao cabo tudo o que temos em Cabo Verde é fruto de importação que se miscelou e fundiu em novos estilos, cadencias, ritmos, melodias, sons e generos numa simbiose e mistura de varias culturas e influencias musicais e rituais folcloricos culturais deste planeta. Quem critica esses jovens é porque são ignorantes na materia da historia da nossa música.
Naturalmente que existe a musica da discoteca que é produzida aos montes pela industria das comunidades da Holanda, Estados Unidos, Portugal e França mas tambem por alguns escassos produtores na nossa capital Praia. Uma musica electronica e mecanica curtida pela camada mais jovem e que por siso tem o seu publico especifico sobretudo nos centros urbanos da diaspora e nas discotecas das nossas ilhas. E porque não se exite um publico que vibra e curte esse estilo.

Nós temos em Cabo Verde cerca de 46 generos musicais que devem ser explorados e difundidos para a manutenção do patrimonio musical e historico-cultural cabo-verdiano.

Ha uma necessidade urgente e emediata na criação de polos de ensino musical onde tb a musica pop deve ser lecionada por ser uma vertente bem forte, fomentada e consumida por quase toda a sociedade e nação cabo-verdiana.

Ja N da nha folha de traboi. Diaza N ka tinha vizitode bo blogue.
Ja-N tava ke sodade. (en kriol mode N sabe ke ma bo ka ta goxta de nha kriol exkrite. fei na dvera?)

Kumprimentx a Monte de Kara

Guy Ramos

Anónimo disse...

Acerca do "fumar em palco", não censuro nenhum artista que o faça. O tabaco, alcool e outras drogas na maioria dos casos são os elementos que desinibem "o artista". É claro que o ideal seria ninguém consumir drogas, mas a verdade é que elas existem e ainda que seja dificil de admitir foram elas a nos trazer grande parte do enorme leque de arte produzida no mundo. As drogas destroem "O Homem", mas magnificam "O Artista".

A música "Third Eye" do album Aenima dos Tool começa com a seguinte afirmação: "See, I think drugs have done some *good* things for us, I really do. And if you don’t believe drugs have done good things for us, do me a Favor: go home tonight and take all your albums, all your tapes, and all your cd’s and burn em’. 'Cause you know what? The musicians who’ve made all that great music that’s enhanced your lives throughout the years...
Rrrrrrrrrrrrreal ------ high on drugs."

E não é que é verdade?!

Anónimo disse...

será que alguém vai fazer justiça ao post do Sr. Guy? Achei excelente...talvez porque, e sem resumir, disse o que também penso. Acho tão redutor dizer que a musica do Gil ou do Beto dias, é zouk e ponto final. Abraços a todos

Eileen Almeida Barbosa disse...

Guy, o teu comentário está tão bom, e tão comprido, que eu nem tive palavras para o responder, tal como já te deves ter dado conta.

Não posso comentar muito sobre o género de música, apenas dizer que estamos acostumados e chamá-lo zouk...

Quanto a ele não ser a única pessoa que fuma em palco, ou se devemos ou não ser modelos, tenho as minhas ideias:
Qualquer um que fume num palco está a influenciar o público. Sei que muitos jovens começam a fumar nunca porque lhes faz falta, mas porque é "chique". Penso até que o Johny influencie mais, porque é jovem e bonito, logo os jovens identificam-se muito mais com ele do que com a Cize, que é uma senhora entradota e que até há alguns anos sequer era vaidosa.

Um artista deve saber que, quer queira, quer não, as pessoas olham muito para ele e olham de uma forma diferente. Querem copiar, querem tocar, querem saber da sua vida. São os semi-deuses modernos. O artista deve então decidir o que quer fazer com esse papel. Que influência quer ter nos outros, já que vai sempre ter alguma.

Fcá ta faltá mais coisas, un ta bem reflecti na ques ot cosa que bo dzê...
Bijim, bijim e obrigada pa esse grande comentário!

Anónimo disse...

Ja busis pensa se N tava imitá 2 grandex muzikex k'N ta adorá sex muzika? Bob Marley y Jimmy Hendrikx?

Inda max mi e ke dexde de nha tenra adolexsensia N ta vivê nun país e ke ten droga tolerada, en abundansia y pa tude exkolha y goxte na tude exkina de rua?

Talvez Ja N tinha murride de kankre, Sida ou de un over dose kualker. N ten variux amiges ke ja ta entre seis tabinha móde ise.

Parse-me ke kada un de nos ten de ter forsa de vontade y puder de reflexau pa sabe u ke no ta faze na nox vida. Y pur ise N ta pensa ke no deve iduká nox jovens na kaza, na exkóla y na sosiedade pa es vrá ta ser konxsient ma ex mexme y akreditá nakile ki e puzitive na vida, asima de tude sabe faze exkolhax sen extode ta prokurá imita feitiu y vise de kada un mode el e kul y artixta de sima de un palke kualker.

Pamóde txeu dex ka sabe kuale krize ke Johnny ta sofre nêx data de viajen ke el ta faze de aviau entre palkex y palkex. Lá ex tava vrá ta konprende ke ka e sábe ser visióde na femá. E kuaze un inferne. Algun jornalixta atente na CV divia kextiuná Johnny sê purke y razau ma tanben sêx sufrimente de ser artixta y femador.

Parse-me ke ma la e ki e txave de luta kontra tude expese de vise. N kre ser influensiode y naturalmente ke mi e influensiode pa pur izemple: Manuel de Novas mode se extile de exkreve y se manera de oiá vida y max otes persunalidade universal y nasiunal e ke ten fete koizas puzitivas pa nôx tude. Nise N kre dze ke ma kada un de nox devia ser influensióde konxsientemente pa u ke ots pesoa ta pruduzi y signifiká a ben de umanidade y nau ser influensiode pa sex manera de vive y de extode na vida. Ja busix pensa se tude musulmane vra ta kupiá manera de sex profeta Mohamed e ke kazá ma un mnininha de 6 ónde y tive seks ma ela kond ela tinha 9 óne de idade? Txa-me feká prei na dvera?

Pa tude jent N ta dzejáx txeu influensia puzitiva de sima ou deboxe de palke pamóde aparensiax senpre ta inganá nôx tude.

Guy Ramos