Enquadrado no programa de Descobrimentos – e Invenções que foi inaugurado aquando da invenção dos jogos inventados, e à margem do programa Saúde na Rua, que visa promover a saúde dos habitantes das ilhas e levá-los a descobrir as redondezas das suas zonas habitacionais e fomentar o intercâmbio entre povos mais favorecidos e os menos bem morados(?), ontem finalmente fui explorar uma zona que suspeito responder pelo nome de Kobon.
Passo sempre pela sua entrada quando vou fazer caminhadas, mas ontem optei por ela como um atalho, uma forma de vir dos lados da Sita para o Palmarejo. Fui metendo-me por “canalins” (adoro esta palavra!) e encontrando simpáticos jovens que se propunham fazer-me companhia. Pelo menos 4 perguntaram se podiam vir andar comigo. Aos 4 respondi que sim. E os 4 sorriram embaraçados e deixaram-se ficar onde estavam.
Passei por um campo de futebol enorme onde uns jogadores mirins perseguiam uma bola e fui descendo, até estar no leito evidente de uma ribeira quando chove. Cães, muitos cães bonitos e uma ou outra galinha recente. Miúdos e graúdos na descontra, afinal era o fim de mais um dia.
De repente, uma verdadeira plantação de cana. Mais adiante, verde com fartura, parecia um oásis no meio do deserto plantado. Até vacas, meus senhores, até vacas vi num quintal de uma casa. Isso tudo num raio de dois quilómetros da minha casa e eu sem saber! E os grupos de rapazes a passar por mim, vindos da Quebra Canela, encarando-me com surpresa mas sem nenhuma agressividade.
Lá de baixo, as vivendas do Meio de Achada são quiçá mais bonitas e há formações rochosas e edifícios abandonados, pontiagudos, misteriosos.
Em verdade vos digo* que vale a pena uma incursão a pé pela zona. Só mesmo o finalzinho do passeio estraga: sim, ao percorremos o troço ao lado da ETAR, o cheio nauseabundo procura tirar-nos o encantamento. Mas aí, pela saúde, damos um valente sprint e pomo-nos a salvo, abrindo os olhos (e as narinas) ao mar.
Não deixei de cobiçar a localização, tão perto da Achada, tão perto do Palmarejo, tão perto da Quebra Canela, e ao mesmo tempo, campo, resguardado pela fama!
*Quem acerta com a pessoa que mais usa esta expressão em Cabo Verde?
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