Soncent

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quinta-feira, 30 de junho de 2011

Futilidade nata ou cultivada

Um texto tem a sua respiração. Começa-se com uma inspiração profunda a escreve-se enquanto durar o fôlego. Por isso não gosto de mexer em textos que escrevo, porque sinto que lhes altero a respiração, o ritmo. Ora, o que se passa com este foi que o escrevi em meio a outras quantas coisas... a lógica ficou tossida, os assuntos, engasgados. Temas, cuspidos. Perdigotos. Faltou-me o ar algures... Leia quem quiser, por sua conta e risco... Santim!

Passei por Soncent no fim-de-semana e passei parte desse tempo com duas amigas minhas. Estrangeiras. Mas pagam impostos em Cabo Verde, donde, podem opinar o que quiserem. E opinam, com mais ou menos inflexão, que as crioulas em geral tendem para o fútil e não se pode manter uma boa conversa com elas. Vim em defesa do meu sangue: comment, mais moi, aussi, je suis... e por outro lado, nós falamos das mesmas coisas que as crioulas... homens, unhas, preços de legumes... ao que elas me disseram, que sim, de facto, mas com outra profundidade...

Fui sempre um bicho do mato em termos sociais, cá em Cabo Verde. Dou-me melhor com homens. Tive poucas amigas (mas boas!) Reconheço um pouco de verdade nessa afirmação, embora a generalize, em parte, para os homens também... e a faça descer com mais força sobre estudantes e juventude em geral.

Filhos de gente que lutou pela independência, crescemos num país pobre mas em paz, em que com pequena dificuldade íamos conseguindo algum conforto, e no meio tempo nos divertíamos em convívios, passeios, festas de terraço. Brandos costumes. Pouca leitura. Pouco estudo. Onde, a profundidade?

Quem é que nos ensina a questionar, a criticar pública e fundamentadamente? Ou é uma capacidade nata?
Não tenho respostas prontas, tenho teorias, convidava a um debate mas... e se há interesse? Onde as mulheres deste país a fazerem ouvir a sua voz? É por causa dos filhos? Da educação, talvez? Falta espaço? Ou ânimo? Não é importante? Terá a ver com sermos educadas para sorrir e servir?

2 comentários:

Chissana M. disse...

Eileen, pretensiosamente, tenho esperanças de que este acertadíssimo texto tenha resultado também da nossa conversa de há dias (depois mo dirás). Que também falamos de maquiagem e homens mas só depois de discutirmos um par de coisas mais profundas.

Quanto às questões que deixas no final sabes que são as mesmas que eu me coloco. But we'll try to do something about it, right?

Eileen Almeida Barbosa disse...

hehehe... o meu desconforto ao ver o nome Jinx, pensar na Belle H. ou lá como se chama ela e não saber quem és tu, até que o blog, ainda por estrear, me indicou que a dona deste português todo catita és tu, querida. De facto a nossa conversa também pesou e já veio depois da primeira que relato, exactamente porque tenho andado com esta preocupação na carteira. Sim, vamos fazer alguma coisa acerca!