Na madrugada do sábado passado, dia 13 de Agosto, cerca das 4 horas da manhã, fui acordada por berros e ruídos de pancada vindos da esquadra da Polícia de Intervenção, assim como ordens gritadas por vozes masculinas em que diziam “Fica de pé. Mantém-te de pé”.
Era claramente uma cena de tortura/maus tratos. Não sabendo o que mais fazer, e constatando que os gritos não paravam e que claramente um homem estava a ser torturado, liguei para o 132. Eram 4h22 e já se tinham passado vários minutos dessa pancadaria. Fui atendida por uma agente que se recusou a identificar-se; que insistiu para que eu, por minha parte, me identificasse; que, quando ouviu a minha denúncia, me contradisse, afirmando que também estava na esquadra mas que não ouvia ninguém a ser espancado; que, por minha insistência – tive que mencionar os jornais - afirmou que enviaria alguém para ver o que se passava, mas que devia ser algum doente mental a gritar numa cela; perguntou-me se tinha alguma testemunha, ao que respondi que sim, visto que outros ocupantes do edifício tinham também sido acordados e ouviam os gritos. Perguntei quem era o responsável pela noite. Quis falar com o responsável. A tudo ela se negou.
Alguns minutos após a minha chamada, os gritos cessaram. Mais alguns minutos se passaram até que recebi um telefonema para o mesmo telemóvel que tinha usado para fazer a denúncia. Uma voz masculina pediu-me que me identificasse. Recusei-me a fazê-lo. Ele então chamou-se atrevida e disse-me duas vezes que “Bo morte ta na nha mom!” – “A tua morte está nas minhas mãos!”. Chamou-me mais uma vez atrevida por me ter metido em assuntos que não me diziam respeito e desligou. Essa chamada foi feita através do número xxxxxxx às 4h30 da manhã de Sábado.
Às 4h34 voltei a ligar para o Piquete e fui atendida pela mesma agente. Esta começou por me dizer que a pessoa que estava a ser agredida não estava no local, para entretanto se corrigir e dizer que ninguém estava a ser agredido na esquadra e que o agente que lá fora verificar regressara a dizer que estava tudo calmo.
Pedi para falar um superior, com alguém que estivesse responsável pela Esquadra. Ela negou-se a passar-me a chamada, dizendo-me que eu teria então que me deslocar à Esquadra. Quando lhe pedi que se identificasse, ela negou-se a fazê-lo.
A única informação que me deu, depois de muita insistência, foi que o agente por ela enviado para verificar a minha denúncia tinha sido o Agente Lopes. Disse-lhe que me tinham feito uma ameaça instantes antes, ela negou ter sido a pessoa a ceder o meu número e alegando que havia outras chamadas, desligou-me o telefone.
Enviei estas informações ao Comandante Regional da Polícia desde 16 de Agosto, sei que o inquérito interno terminou mas não recebi nenhuma reacção da Polícia até esta data. É normal?
3 comentários:
Parece que a ala "do pijama às riscas" começa a acordar para "algumas" anormalidades de que padece o país de desenvolvimento médio, que cada dia se desenvolve mais, de um governo e governantes exemplares na conduta e que "por amor à terra" tudo fazem para se perpetuarem no cimo da cadeia.
Pois é, enquanto o mal que vem sendo denunciado é alheio, era tudo leviandade, mau perder e etc.
Acho que já se vai tarde, o que não quer necessáriamete dizer que isto (como país/nação) está perdido, mas está lá bem perto.
Aqui vão uns óculos graduados:
a forma como a cúpula tratar este assunto que refere no post é o espelho de como as coisas vão ser ou continuar daqui para a frente.
O importante é não perdermos a noção dos nossos deveres e direitos como cidadãos, de não perdermos a dignidade como seres humanos e de defendermos esses nossos valores sempre... O que dá cabo de tudo é a ignorância, a resignação/indiferença e a cobardia. Parabéns Eileen, fizeste o importante. Bj
Da Caps, é como vês... e ouves: silêncio.
Claudinha, obrigada. Pena não haver muito mais gente a sentir que é seu dever bater o pé, fazer barulho.
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