Deixem-me começar por vos dizer que descendo de famílias que
datam desde a origem dos tempos e que nenhum de nós, na minha linha directa,
foi alguma vez abortado nem morto antes de se reproduzir. Isto é sem dúvida um
grande feito (comum aliás, a todos nós que estamos vivos).
Mas eis que se dava sempre um fenómeno a modos
que curioso: olhando para a montanha de roupas em cima da cama, dava-me um
profundo desgosto, uma sensação muito próxima do pânico e uma total incapacidade
de mexer numa única peça. Assim, fugia do quarto e à noite, afastava as roupas
todas para o lado à meia luz e dormia na nesga de colchão que sobrava. As roupas ficariam
lá durante alguns dias, até que a minha mãe me desse três gritos, ordenando que
as fosse arrumar imediatamente. Eu não conseguia e depois de mais alguns dias e algumas discussões,
lá a pobre da empregada voltava a meter as roupas no maldito guarda-fatos.
Mas continuo com uma metodologia
para lá de distorcida:
Mudo-me para uma casa nova. Há vários cômodos que precisam
de ser arrumados. Começo pela casa-de-banho. Encho umas coisas nas prateleiras
e dentro do saco, encontro uma peça que pertence à cozinha. Vou levá-la à
cozinha e lá, topo com várias latas em cima do balcão. Começo a arrumar as
latas na dispensa e fico com as mãos sujas de pó. Vou lavá-las à casa-de-banho
e vou à procura de uma toalha algures no quarto. Aproveito que estou aí e
penduro algumas roupas. Depois, decido que devo pôr uns enfeites algures. E no
final do dia, a casa está igualmente caótica, porque não em concentrei em nenhuma
das divisões.
Mas estou super cansada e diverti-me imenso!
2 comentários:
Eileen,
Tu e as tuas coisas! Está giro.
Obrigada, mãe.
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