Ando a esquecer-me tanto, tanto, que num destes dias occorreu-me que me posso esquecer de acordar.
- És tão dramática. Mesmo que te esqueças, a tua bexiga recorda-te...
Disse-me bem-vinda ao mundo como se eu tivesse vindo de outra parte qualquer. Mas não me disse quem era.
Ficávamos à espera do dia em que os heróis fossemos nós. Era uma questão de tempo, nunca o vimos como uma fantasia. Falávamos sempre nesse futuro garantido, dizíamos “ Quando formos nós os heróis…” tal como alguém faz planos para as férias.
Era do mais poético que existia. Era lindo, de uma beleza toda ela também feita de poesia, de uma melancolia fina, os olhos fundos, com grandes olheiras, que lhe emprestavam um delicioso ar de mártir.
Para o entreter, visto que era doente mental, davam-lhe um prato de sopa e um garfo e diziam-lhe que comesse tudo e só depois viesse chatear.
A situação é grave. Mais de cinco minutos passei lendo, relendo e depois apenas pasmando na carta de reclamação que ele escrevera meses antes. Espécie de adoração canina, com laivos de exaltação bovina. Definitivamente, pouco minha.
- És tão dramática. Mesmo que te esqueças, a tua bexiga recorda-te...
Disse-me bem-vinda ao mundo como se eu tivesse vindo de outra parte qualquer. Mas não me disse quem era.
Ficávamos à espera do dia em que os heróis fossemos nós. Era uma questão de tempo, nunca o vimos como uma fantasia. Falávamos sempre nesse futuro garantido, dizíamos “ Quando formos nós os heróis…” tal como alguém faz planos para as férias.
Era do mais poético que existia. Era lindo, de uma beleza toda ela também feita de poesia, de uma melancolia fina, os olhos fundos, com grandes olheiras, que lhe emprestavam um delicioso ar de mártir.
Para o entreter, visto que era doente mental, davam-lhe um prato de sopa e um garfo e diziam-lhe que comesse tudo e só depois viesse chatear.
A situação é grave. Mais de cinco minutos passei lendo, relendo e depois apenas pasmando na carta de reclamação que ele escrevera meses antes. Espécie de adoração canina, com laivos de exaltação bovina. Definitivamente, pouco minha.
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