Soncent

Soncent

sexta-feira, 9 de novembro de 2007

O Romance - Cap. XII

Era Bartox, dizendo que surgira um imprevisto e que não conseguiria aparecer, a não ser que ela não se importasse que ele lá fosse já pela noite dentro, só para tomar um último café. Ela ouviu-se dizendo que sim e desligou, perguntando-se pelo que faria nessas cerca de três horas que faltavam até lá. Meteu-se no sofá com um livro que não leu e adormeceu.

Ele veio ainda mais tarde do que dissera. Passava da meia-noite, ela a tentar compor o rosto antes de abrir a porta. Ele nem lhe deu tempo de sorrir. Abraçou-a fortemente, murmurando quantas saudades tivera dela, e nem lhe deu espaço para se negar ou fazer-se difícil: depusera-a em cima do sofá e lá amara-a, num abraço intenso mas breve, que a deixou mais frustrada que antes e com vontade de se meter na casa de banho e terminar o que ele começara.

A esta altura, qualquer que fosse a sensação de atracção que sentisse por ele desaparecera e ficara algo muito parecido com asco, à mistura do cheiro a fluídos e corpos suados. Lembrou-se então de Agostin. Como seria com ele? Ficou lá sentada, olhando para o corpo dele, para os tufos de pêlos aqui e ali, no peito dele. Para as pernas tão brancas. Como é que ela tinha sido capaz?

Ao levantar-se, ele agarrou-a pelo braço, mas ela libertou-se e sem olhar para ele, foi para a casa de banho. Meteu-se no banho e deixou-se lá ficar tempo suficiente para ouvir a porta bater. Ele devia ter-se ido embora. Melhor assim. Ela queria era meter-se na cama e dormir, e quem sabe no dia seguinte ela descobrisse que tinha sido um simples sonho desagradável?

Sem comentários: