Praia de Chaves
Na manhã seguinte, um dos colaboradores telefonou-lhe. Maurício tinha sido visto a partir de lancha, com apetrechos de pesca, em direcção à praia de Chaves. Íris disse-lhes que se dirigissem à praia também, mas de carro. Ela seguiria de barco.
- Sozinha, sim, não há problema. Ele estranhará se me encontrar com algum de vocês.
Íris entrou para o barquinho e partiu em direcção à praia. Ela chegaria com avanço em relação aos colegas, mas duvidava que conseguisse alguma coisa. O que quer o espanhol fosse lá fazer, de certeza seria discreto. O mar estava muito calmo e a visibilidade era muito boa. Aproximou-se da praia mas estava completamente vazia. Resolveu ir a terra só para matar saudades.
Ao aproximar-se da areia, viu um bote à deriva e resolveu ir espreitá-lo. Devia ter-se solto da âncora. Manobrando devagar, Íris estendeu o braço e agarrou na proa do bote. Parecia vazio. Mas Íris era conscienciosa e saltou como pôde para o barco com a intenção de o revistar. Não pôde deixar de sorrir ao aperceber-se de um volume debaixo de uma tábua corrida. Puxou-o e descobriu uma lata de leite em pó. Agitando-a, não sentiu o barulho característico de água ou isca, mas sim um restolhar de papel. Tirou a chave do apartamento do bolso e meteu-a na ranhura. O sol ou o conteúdo cegaram Íris por instantes. A lata estava cheia de notas de dollar, notas de cem dollars. Fechou-a imediatamente e olhou à volta. Não se via vivalma. Onde estaria Maurício? O bote pertencia-lhe, claro, e ele devia estar a caminho de algum pagamento.
O que quer que Íris decidisse fazer, teria que ser depressa e ela sabia-o. Voltou a abrir a lata e despejou o seu precioso conteúdo no seu saco de praia. Devolveu a lata ao local onde estivera e saltando para o próprio bote, pensou afastar-se. Mas depois pensou melhor e olhando bem à volta e certificando-se de que não havia ninguém, regou o bote com alguma gasolina. Mas como pegar-lhe fogo sem correr o risco de se queimar ou incendiar o seu próprio bote? Nem fósforos tinha! Afastou-se então, já arrependida de ter derramado a gasolina, pois levantaria suspeitas.
Arrancou em direcção à vila e antes de ter tempo de pensar no que iria fazer com o dinheiro, ouviu um grito de homem. Virou-se e viu Mau dentro de água, com uma espingarda de mergulho na mão. Íris não saberia dizer se ele a vira bem ou não, decidiu não parar. Mas virando-se de novo, viu Maurício a subir para o bote à pressa e a abaixar-se no local onde deveria estar a lata. E deve ter-se apercebido logo que estava vazia, porque deu logo partida ao motor e meteu-se atrás de Íris.
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