Esta acelerou, entrando em pânico. Se o homem a agarrasse, seria bem capaz de a matar. Olhou à volta do bote, à procura de alguma arma mas viu só, cor de laranja refulgindo ao sol, a pistola de socorro. Agarrou nela, fazendo o barco diminuir de velocidade.
Mas depois decidiu afastar-se da costa, ficar fora do alcance da vista e disparar sobre Maurício. Mudou a direcção do barco e acelerou. O espanhol seguia-a, e embora o bote dela fosse mais veloz, temia ir muito rápido, para não embater nos destroços de navios que aqui e ali apareciam no meio do mar. Quando ela considerou estar suficientemente longe, parou o barco e fez pontaria para o peito de Mau. Este apercebeu-se e abaixou-se, pelo que Íris falhou.
Mas passados uns instantes, o bote incendiou-se e ela pôde ouvir os gritos do Espanhol, antes deste se jogar à água. Ela esperou que ele aparecesse, olhando à volta amedrontada, receosa que ele aparecesse de repente e a agarrasse.
Vasculhou a água com os olhos mas não conseguiu ver nada. Tinha o coração a bater com tanta força que lhe faltava o ar. Sentia uma mão a apertar-lhe o estômago e a garganta ao mesmo tempo, temeu morrer de medo mesmo que o espanhol não aparecesse.
E de facto ele não apareceu. O bote continuou a arder até ser engolido pelas águas e Íris, convencida de que Maurício se teria afogado, rumou para terra. Foi devagar, tentando compor uma história que a ilibasse por completo da embrulhada em que se metera.
Olhou para a praia a tempo de ver o jeep da Judiciária.
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