Fui ao cinema. A minha grande amiga Lena passou a metade final do filme com a mão a esconder os olhos. Quando lhe disse que já não haveria mais cenas, ela na mesma não descobriu o rosto, dizendo que estava a ver por entre os dedos!
A minha madrasta Tina também gosta de sabores agridoces. Na comida e nos filmes, que ela sabe serem violentos por já os ter visto várias vezes, mas que na mesma revê, de almofada na mão, para se esconder das cenas que lhe metem medo.
Uma vez deixei-me convencer a ver filmes de terror, com um mais-que-tudo. Pesadelos em Elm Street, Freddy Krueger, bonecos assassinos, vi e temi esses filmes todos, mas ainda hoje, o que deixou mais sequelas foi o Tubarão, já não sei se do Spielberg ou alguma das sequências que não tiveram a sua participação.
Vimos Tubarão em família: a mamã, deitada no centro da cama do "quarto da televisão"; eu à sua direita e a Nádia à sua esquerda, num ambiente tão tenso que a certa altura, o bicharoco surgiu do mar de repente, eu saltei também de repente para cima da minha mãe, e ela, com o susto, deu-me um empurrão e um grito. Era um ambiente de cortar à faca. Quando o filme terminou, eu estava cheia de sede mas firmemente decidida a não me aproximar da cozinha. O mais longe que fui, e porque tinha mesmo que ser, foi à casa-de-banho: antes de me sentar na sanita, tive o grande cuidado, por razões óbvias, de espreitar dentro do cesto de roupa suja e afastar a cortina da banheira.
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