É importantíssimo incluir um mau conto num livro de contos.
Primeiro porque servirá de barómetro para as pessoas simpáticas mas pouco
críticas que virão ter connosco a dizer que adoraram o livro.
Poderemos então
perguntar de qual gostaram mais – e a resposta dependerá, é claro, de cada
pessoa, mas quando perguntarmos de qual gostaram menos… Terão que mencionar o tal
do mau conto ou então perderão toda a credibilidade. É assim que funciona.
Uma outra razão para a participação deste conto infame é
valorizar os outros contos, claro. Mostra que o autor poderia ter escrito
coisas muito mais rascas mas que teve talento, teve mestria.
Uma terceira razão prende-se com o seguro do autor. Pode
acontecer em determinadas situações que pessoas quererão elogiar ou cobrir de
honras um autor mas este não se encontra para aí virado. Irão pedir-lhe uma
leitura de um dos contos e é aí que ele se valerá da pequena artimanha que vai
incluída no livro.
É claro que há regras para este conto. Não pode destoar
demasiado dos outros, para não se correr o risco de se pensar que foi o editor
ou a gráfica a cometer a façanha de incluir na coletânea um conto que não
pertença ao autor. Também não pode estar nem no início do livro nem no seu final, porque os primeiros fazem a primeira impressão e os últimos é que deixam o sabor final na língua. Algures, depois do meio, seria bom local. Exatamente no meio também não dá jeito, porque há muito quem abra um livro pelo meio e comece a ler de lá.
Farei depois considerações para leitores canhotos, que têm com o livro, uma experiência toda ela diferente.
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