Soncent

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terça-feira, 6 de outubro de 2015

Passeio em Manhattan



Encantam-me sobretudo as pessoas e alguns edifícios e, surpresa, os pedaços de poemas que reconheço no que poderia ser uma selva de cimento e betume apenas.


Adoro esta cidade. Tenho passado apenas horas cá, esta noite é a primeira em que me permitem dormir e do meu quarto de hotel não ouço nem sirenes nem buzinas nem cheirei qualquer fumo nas ruas movimentadas.


Andei dez minutos ao lado de uma beldade de calções curtos, cabelo comprido e os sapatos da sola vermelha. Senti-me um bidão ao lado dela. Senti-me deselegante nas minhas calças formais, no meu sapato raso sem piada, no meu cabelo sem vaidade e com a única gentileza de um batom que nem me favorece.


Imaginei que se morasse cá, vestir-me-ia com mais graça, seria mais magra, teria um corte de cabelo moderno e uma cor provocante, tipo, em dois tons de vermelho; andaria a bambolear-me ligeiramente pelas ruas; seria rapidamente descoberta por um agente, que me proporia qualquer coisa.

Teatro? Porque não Hollywood? Oferece-me um trabalho num bar da Moda? Porque não a sua gerência? Pede-me em namoro? Porque não um safari urbano de trinta meses, um mergulho nas culturas aqui vividas?

 
 

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