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Chamaste-me? – Perguntou-me ele.
Só se for telepaticamente.
Ah, sim! Estou a chamar-te há um bom bocado. Mas bater na tua cadeira, isso não
bati. Olhei para o teu cabelo, repeti o teu nome cem vezes dentro de mim, fitei
por uma data de minutos o lugar onde deves ter uma glândula que é conhecida
como o terceiro olho.
Vê lá se não sentiste.
Admirei-te o desenho das costas,
contei os pelos fininhos do teu pescoço, admirei a alvura da tua camisa e as
tuas orelhas alinhadas. Mas a sério que não bati na tua cadeira, pelo menos por
querer. Mas foi bom teres-te virado para mim porque tens uns olhos lindos de
morrer e não me importava de me perder neles e ter que te pedir ajuda para me
encontrar outra vez. E voltar a perder-me. Mas como estas verdades não se dizem
assim, fiz um não com cabeça. E viraste-te de novo para a frente, certamente
também empancado na pergunta oito. Exercício difícil, custou-me a resolver.
Daqui a nada, a professora virá para perto de nós e hei-de lhe perguntar se é
assim. Num exame como este, ela não se recusará a dar um help.
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